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LEÃO GULOSO
De cada R$ 100 do PIB, governos ficam com R$ 34,36; aumento no ano passado foi de 5,88% sobre 2000
Brasil é campeão da AL em cobrar imposto
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A carga tributária brasileira
atingiu no ano passado a marca
inédita de 34,36% do PIB (soma
das riquezas produzidas pelo país
no ano). As receitas da União, dos
Estados e dos municípios alcançaram R$ 406,87 bilhões, representando aumento real de 5,88%
na comparação com o ano anterior.
No mesmo período, a economia
brasileira cresceu 1,51% e a renda
per capita subiu 0,19%. "Historicamente, o aumento das receitas
tributárias é maior que o crescimento da economia. Isso não significa necessariamente que houve
aumento da carga tributária",
afirmou a coordenadora-geral de
Política Tributária da Receita Federal, Andréa Lemgruber.
A elevação das receitas se justifica pelo comportamento da arrecadação do IR (Imposto de Renda) retido na fonte, do PIS/Cofins
-todos recolhidos pela União-
e do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços),
que é um tributo estadual.
De acordo com a Receita Federal, o aumento na arrecadação do
PIS/Cofins foi resultado da mudança na forma de tributação do
setor de combustíveis. O recolhimento passou a ser feito somente
na refinaria (substituição tributária), evitando a evasão fiscal.
A incidência das contribuições
no setor automotivo também foi
modificada, o que contribuiu para a elevação na receita gerada pelo PIS/Cofins.
Ela explicou que o acréscimo
real na receita do IR na fonte se
deve ao aumento da arrecadação
sobre os ganhos de capital: aplicações em renda fixa e operações de
"swap" (troca de índices em contratos). "No ano passado, essas
aplicações foram muito procuradas devido às variações fortes que
aconteceram no mercado de câmbio", comentou Andréa.
Para ela, o crescimento de
6,74% na arrecadação do ICMS
foi puxado, principalmente, pelo
setor de combustíveis e de telecomunicações. No primeiro caso, o
aumento da receita foi gerado pela elevação no preço do petróleo.
No segundo, pela expansão dos
serviços telefônicos no país.
Apesar do aumento das receitas
em geral, a participação do governo federal no bolo arrecadado
com impostos e contribuições
caiu de 69,07% em 2000 para
68,72% no ano passado.
Andréa argumentou que o forte
crescimento na arrecadação do
ICMS acabou elevando a participação dos Estados no total da carga tributária.
Entre 1995, primeiro ano da administração Fernando Henrique
Cardoso, e 2001, a carga tributária
em relação ao PIB passou de
28,47% para 34,36%. Andréa alegou que, nesse período, a carga
tributária aumentou porque foram adotadas medidas para elevar a arrecadação, mas também
devido a medidas administrativas
para reduzir a sonegação.
Outros países
Na comparação com os demais
países da América Latina, o Brasil
continua sendo o campeão na cobrança de impostos. Na Argentina, por exemplo, a carga tributária está entre 22% e 24% do PIB.
"A performance argentina ainda deve ter se reduzido no último
ano devido à crise econômica",
ponderou a coordenadora-geral.
No México, a receita tributária varia de 14% a 16% do Produto Interno Bruto.
Andréa citou a França e a Alemanha como exemplos de países
cuja carga de impostos oscila de
40% a 45% do que o país produz
em bens e serviços. "Mas os campeões no mundo são os países
nórdicos, com média acima de
50%", afirmou.
Para Andréa, o esforço fiscal para cumprimento das metas do
acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) é um dos motivos para se manter a elevada carga tributária brasileira. "A receita
é proporcional ao gasto do Estado. Temos de ter um Orçamento
equilibrado e cumprir o acordo
com o Fundo", concluiu.
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