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São Paulo, domingo, 15 de junho de 2003

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"Terapia virtual" tenta atrair pacientes

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Aconselhamento pela internet, ou, como passou a ser chamada, "terapia virtual". Econômico e rápido, o atendimento de pessoas que procuram ajuda psicológica pela internet tornou-se uma forma de tentar trazer mais pacientes da classe média para dentro dos consultórios.
Em tempos de renda minguada e pessoas insatisfeitas com a vida pessoal e profissional, a proposta do aconselhamento pela web tornou-se tentadora, admite o Conselho Federal de Psicologia, que faz ressalvas a respeito.
Basta fazer as contas: uma consulta com um psicólogo -são 50 minutos- hoje em São Paulo pode custar de R$ 110 a R$ 130. Os profissionais que cobram mais caro na capital pedem até R$ 280. Já o psicólogo que trabalha pela internet recebe as dúvidas de interessados pelo seu e-mail -grande parte desses profissionais tem página com o próprio nome na web- e se compromete a respondê-las. Tudo de graça.
Tânia Theodoro, formada em psicologia em 1978, especialista em terapia floral, começou a aconselhar pessoas há poucos anos por meio de seu site. Não cobra nada, mas quem envia suas perguntas para ela fica sabendo que, por R$ 60, pode fazer uma "terapia floral". A idéia é atrair pessoas ao consultório, mas a tentativa não surtiu efeito.
"Faço só um esclarecimento, uma orientação", esclarece Theodoro, que atende na zona sul de São Paulo. "Poderíamos, com isso, despertar algum interesse e mostrar mais nosso trabalho. Mas a maioria que usa a internet só quer resolver uma dúvida do momento e nem sequer pode, nos tempos atuais, pagar o valor de mercado por uma consulta", diz.
Segundo ela, algumas pessoas que ela auxiliou pela web, dois anos atrás, só agora estão procurando-a para algum tratamento a médio prazo.
Como precisa cortar custos em momentos de retração econômica, o gasto da classe média com o psicólogo é atingido. "Passamos a atender na clínica uma vez por semana apenas. Negociamos valores e damos "descontos". E, se o paciente fica desempregado, é possível aceitar até pagamento simbólico", afirma Cristiane Nistal, 48, psicóloga há 15 anos.
"As pessoas estão pechinchando muito e não é possível migrar o atendimento para outra classe. Mesmo cobrando R$ 50 por consulta, um metalúrgico não pode dispensar R$ 200 por mês para o tratamento", diz Odair Furtado, presidente do Conselho Federal de Psicologia.
Ele afirma que a saída da orientação pela internet é questionável e que o atendimento psicológico -como aquele feito em clínica- por meio da web é proibido.

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