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São Paulo, domingo, 15 de junho de 2003

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De cada 10 paulistanos, 8 adiarão compras até julho, diz pesquisa

DA REPORTAGEM LOCAL

Até o final de julho, pelo menos, está tudo postergado. O carro zero, o DVD e a troca do celular pelo aparelho recém-lançado estão fora da lista de itens apontados pelos mais endinheirados como objeto de compra a curto prazo.
Oito em cada dez paulistanos com renda familiar superior a 20 salários mínimos (R$ 4.800) dizem que "não pretendem efetivamente comprar nada nos próximos dois meses", revela a pesquisa elaborada pelo Departamento de Economia da Fecomércio-SP. Nem mesmo em janeiro, após as festas de final de ano -quando essa taxa historicamente sobe-, o resultado havia sido tão alto. Tanto que em janeiro, período pós-ressaca natalina, 66,2% dos consumidores afirmavam que a ida às lojas estava fora de seus planos. Uma taxa, portanto, inferior à apurada agora (78,7%).
Tem mais: desde que o levantamento começou a ser feito -em setembro de 2002- essa taxa de "rejeição" da classe média às compras não havia chegado a esse nível. O período de análise é curto, mas a subida da taxa chama a atenção, segundo o Departamento de Economia da entidade.
Hoje está fora da lista de compra dos consumidores de classe média uma série de bens duráveis, segundo a própria seleção feita pelos entrevistados nessa pesquisa. Pela ordem, está descartada a compra ou a troca de televisor, de eletrodomésticos (geladeira, freezer) e a obtenção de um novo automóvel.
Está claro que a intenção de compra tem relação direta com o índice de penetração dos produtos nas classes econômicas. Os mais endinheirados já têm bens duráveis em casa. Ainda assim, na análise da federação, isso não explica o fato de a taxa de entrevistados da classe média alta (que não pretende gastar nada) tenha disparado de 47,8% em abril para mais de 78% agora.
"É puramente uma questão de renda", diz Antonio Carlos Borges, diretor da Fecomércio-SP.
A classe média com menor poder de compra (cinco a dez salários mínimos, ou R$ 1.200 a R$ 2.400) tem mais planos de gastos. Um número bem menor (quase 30%) diz não querer, efetivamente, pôr a mão no bolso e ir às lojas.
Na análise de economistas, essa categoria de consumidores "limpou" o nome em maio. E pode, lentamente, voltar a comprar. Em maio, foram cancelados 232,4 mil registros de pessoas em situação de inadimplência na capital paulista. É o maior número do ano.
"Após esse movimento, há a possibilidade de que esse consumidor volte às compras, mas aos poucos", diz Emílio Alfieri, economista da ACSP, entidade que representa o varejo em São Paulo.

Sonhos de consumo
No ranking dos principais desejos de compra dos mais abastados, no entanto, a seleção só cresce: vai de banheira de hidromassagem a um jardim.
É o que mostra uma pesquisa realizada pelo Nomads (Núcleo de Estudos sobre Habitação e Modos de Vida) da USP (Universidade de São Paulo) em 2001 com 1.090 pessoas de todo o país.
Cerca de 52% dos entrevistados -a maioria jovem e com renda familiar acima de R$ 3.600- gostariam que sua cozinha tivesse vista para uma paisagem bonita. Já 24% preferiam uma divisória móvel integrando o espaço a um jardim.
Em outro local da casa, o banheiro, 71,49% dos entrevistados sonham com uma banheira; 56,38% desejam uma paisagem bonita; e 39,15% querem um jardim interno. A divisória móvel já citada é apontada por 24,89% dos entrevistados como item de desejo para separar o banheiro do quarto. (AM e MP)

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