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REAJUSTE ANUNCIADO
Petrobras anuncia 1º aumento de combustíveis sob Lula; preço do diesel pode aumentar 6,4% na bomba
Gasolina sobe hoje 4,5% para o consumidor
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A Petrobras anunciou ontem o
primeiro aumento no preço dos
combustíveis no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: a
gasolina nas refinarias da estatal
ficou 10,8% mais cara a partir da
0h de hoje. O diesel subiu 10,6%.
A companhia calcula que o impacto para o consumidor será
menor devido a questões tributárias, e, no caso da gasolina, à mistura com o álcool (25%). A previsão da Petrobras é que a gasolina
suba 4,5% nas bombas dos postos
e o diesel, 6,4%, se as margens de
lucro das distribuidoras e dos revendedores forem mantidas.
De acordo com o vice-presidente da Fecombustíveis (Federação
Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes), Paulo
Miranda, os percentuais de reajuste ao consumidor devem ser
quase os mesmos dos calculados
pela Petrobras -4,5% para a gasolina e 6,5% para o diesel.
Miranda disse que pode haver
alguma tentativa inicial de recomposição das margens de lucro tanto por parte das distribuidoras como dos postos, que, em alguns
mercados "muito competitivos",
estariam defasadas. Disse, porém,
que, "num segundo momento, os
preços vão voltar" porque a demanda ainda está muito fraca.
No IPCA, índice oficial de inflação, o impacto do aumento da gasolina será de 0,17 ponto percentual, possivelmente diluído em
dois meses, segundo a consultoria
LCA. O do diesel, de 0,01 ponto.
Os aumentos levarão o IPCA
para a casa de 0,6% em junho
-antes do reajuste, as previsões
do mercado apontavam para um
índice na faixa de 0,5%.
Ao comentar o aumento da gasolina, ontem à noite, o ministro
da Fazenda, Antonio Palocci Filho, disse que "está tudo dentro
do previsto". "Normalmente, as
decisões da Petrobras são um
pouco defasadas em relação às subidas e descidas do mercado internacional. No ano passado, o
reajuste foi para baixo, neste ano,
para cima."
A última vez que os preços dos
combustíveis subiram nas refinarias foi em dezembro de 2002
-12,8% no caso da gasolina e
11,3% no do diesel. Em 30 de abril
de 2003, houve queda -10% para
os dois combustíveis.
Ao justificar o reajuste, o presidente da Petrobras, José Eduardo
Dutra, disse que o preço internacional do petróleo encontrou um
novo patamar nos últimos 15 dias.
Apesar da disparada da cotação
internacional ter começado há
quase três meses, a estatal alegava
que havia muita instabilidade e
que estava aguardando a definição de um novo nível de preços.
Por causa dos conflitos no Iraque e do aquecimento da economia mundial, o preço do petróleo
chegou a superar a marca histórica de US$ 40 o barril (em Nova
York) e resiste a ceder abaixo de
US$ 35, mesmo após os países da
Opep (Organização dos Países
Exportadores de Petróleo) terem
decidido elevar a produção em 2
milhões de barris por dia.
Com o aumento, o preço da estatal está hoje, segundo Dutra,
"alinhado" com as cotações internacionais. "Chegamos à conclusão que ficava insustentável manter o preços como estavam."
Ele disse que a decisão sobre o
aumento foi tomada ontem e comunicada ao presidente Lula,
mas afirmou que o percentual
não foi negociado com o governo,
que tem 51% das ações ordinárias
da Petrobras.
Dutra negou ainda que declarações do presidente do BC (Banco
Central), Henrique Meirelles, tenham influenciado a decisão.
Meirelles disse, na semana passada, que uma alta de até 11% nos
combustíveis não afetaria o cumprimento da meta de inflação deste ano, de 5,5%, com tolerância de
2,5 pontos percentuais.
Ontem, Meirelles disse que o
aumento dos combustíveis anunciado pela Petrobrás estava dentro das "expectativas" do BC.
Dutra lembrou que o preço da
gasolina e do diesel voltaram a ser
"os mesmos" praticados em abril
de 2003, antes da redução de 10%
na refinarias. Ressaltou, porém,
que as altas de preço são mais rapidamente repassadas ao consumidor do que as quedas.
Considerando os impostos, os
reajustes nos preços das refinarias, para as distribuidoras, serão
de 6,1% e 8,2%. É que os tributos
federais -PIS/Cofins e Cide
(Contribuição de Intervenção do
Domínio Econômico, que incide
sobre os combustíveis)- são um
valor fixo cobrado por litro dos
produtos vendidos às distribuidoras, e não uma alíquota que sobe de acordo com o preço da Petrobras. Os aumentos de 10,8% e
10,6% só incidirão sobre a parcela
do preço da gasolina e do diesel
que remunera a estatal.
De cada litro de gasolina vendido pela Petrobras, R$ 0,26 são referentes à Cofins e R$ 0,28, à Cide.
Como esses valores não serão alterados, o reajuste ao consumidor, que no final da cadeia paga os
impostos, será menor.
Colaboraram o enviado especial a
Goiânia e a Reportagem Local
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