São Paulo, terça-feira, 15 de junho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SEMENTES DA DISCÓRDIA

Apesar disso, navios em trânsito poderão desembarcar mercadoria se obedecer às exigências sanitárias do país

Chineses recusam soja de mais 15 empresas

CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM

O Ministério da Quarentena da China anunciou ontem a suspensão temporária da importação de soja de mais 15 empresas brasileiras, responsáveis pelo carregamento de dois navios que tiveram sua carga recusada pelas autoridades sanitárias do país, elevando a cinco o número de embarcações colocadas sob suspeita.
Apesar da suspensão, o comunicado oficial ressalta que os carregamentos que já estão a caminho da China poderão ser desembarcados, desde que obedeçam às exigências sanitárias do país.
Os novos vetos chineses colocam o governo brasileiro em situação delicada. No início da crise da soja, o ministro Roberto Rodrigues (Agricultura) culpou exportadores brasileiros "gananciosos" pela contaminação dos carregamentos de soja e prometeu aos chineses maior fiscalização.
Rodrigues julgou que essa reação fosse suficiente para acalmar a China e restaurar a normalidade do comércio entre os dois países, o que acabou não ocorrendo.
A Embaixada do Brasil em Pequim não havia sido informada oficialmente da medida até a noite de ontem. A decisão de proibir o desembarque dos dois navios foi tomada por representantes da Quarentena no Cantão e em Xiamen, na Província de Fujian.
Xiamen foi o primeiro porto chinês a recusar soja brasileira, em abril. Nas três ocasiões anteriores em que houve problemas, as autoridades brasileiras foram avisadas por funcionários do governo chinês.
O Ministério da Quarentena tem recusado a soja sob o argumento de que os carregamentos contêm sementes tratadas com o agrotóxico Carboxin, que dá uma coloração avermelhada ao produto e não é aceito no país para o consumo humano ou animal.
As 15 empresas que foram temporariamente suspensas são: Bunge Agribusiness Singapore; Bunge Alimentos S.A.; Adubos Moema Indústria e Comércio; Allicorp Trading e Comércio Exterior S.A.; Coamo Agroindustrial Cooperativa; Cocari Cooperativa Agropecuária e Industrial; Cooperativa Agroindustrial Lar; Cooperativa Agropecuária Castrolândia; Cooperativa Mista Agropecuária do Brasil - Coopermibra; Fertimourão Agrícola; Glencore Importadora e Exportadora S.A.; Lavoura Indústria Comércio Oeste; Peron Ferrari S.A. Comércio de Cereais; Sementes Guerra e Sumitomo Corporation do Brasil.
Nenhuma dessas empresas havia sido atingida pelas decisões anteriores da Quarentena de suspender a importação de soja do Brasil. As companhias que já estavam com seus negócios interrompidos são Cargill, Noble, ADM, Dreyfuss, Irmãos Trevisan, Bianchini e Líbero.


Texto Anterior: Comércio exterior: Balança acumula superávit de US$ 12,555 bi neste ano
Próximo Texto: Outro lado: Ministro afirma que a proibição é "desagradável"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.