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OUTRO LADO
Ministro afirma que a proibição é "desagradável"
EM SÃO PAULO
O ministro da Agricultura,
Roberto Rodrigues, classificou
de desagradável a notícia de
mais um carregamento de soja
recusado pela China.
"Fiquei desagradavelmente
surpreendido com essa novidade", disse o ministro à Folha.
Ele está em São Paulo para participar da 11ª Unctad.
Segundo o ministro, se a China não mudar sua política com
relação à soja brasileira, haverá
um grande prejuízo para as exportações dos país. Antes do
episódio de ontem, o setor privado calculava as perdas em
cerca de US$ 1 bilhão.
"Se eles firmarem o pé nisso
vai haver um constrangimento
muito sério na área de exportação de soja para a China como
um todo", disse Rodrigues.
Com as medidas de ontem, 15
empresas estão proibidas de
exportar soja para a China. Até
ontem, eram apenas sete.
"Agora são mais 15 empresas, é
quase todo o universo de "traders" [exportadores]". Mais
grave, segundo ele, é que entre
as 15 estão as maiores vendedoras de soja do país.
No início do mês passado, os
chineses decidiram que não
iriam mais aceitar carregamentos de soja que estivessem misturados com sementes tratadas
com fungicida.
Como resposta ao problema,
o governo brasileiro decidiu
criar um padrão de qualidade
para a soja brasileira similar ao
usado internacionalmente.
Anunciado na última quarta-feira, o padrão estabelece que
só estão automaticamente liberados para venda os carregamentos que contenham, no
máximo, uma semente tóxica
por quilo de produto.
Se for encontrada mais de
uma semente, o produto precisa passar por análise laboratorial para averiguar o nível de
contaminação da carga toda.
"Tinha a franca expectativa
de que isso [o novo padrão de
qualidade] seria reconhecido
pela China como um esforço
importante para retomar as negociações. Agora estou surpreso", afirmou Rodrigues.
Apesar do critério brasileiro
ser mais rigoroso do que o usado nos Estados Unidos, que libera cargas com até três sementes por quilo, ele é mais flexível do que as demandas dos
chineses. "O argumento deles é
tolerância zero."
Sem posição
A Coamo Agroindustrial
Cooperativa, a maior cooperativa agropecuária da América
Latina, que reúne 18,4 mil cooperados nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, informa, por meio da
assessoria de imprensa, que
não tem posição sobre a decisão chinesa. Isso porque a cooperativa não vende diretamente à China, mas por meio de
"tradings". A Coamo aguarda
o posicionamento das "tradings".
A Folha procurou a Associação Brasileira das Indústrias de
Óleos Vegetais, a Cooperativa
Agroindustrial Lar, a Bunge
Alimentos e a Fertimourão
Agrícola, mas não obteve retorno sobre o assunto.
Colaborou a Reportagem Local
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