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MARCHA LENTA
Fraco desempenho de super e hipermercados contribui para recuo em abril, embora patamar esteja elevado
Renda faz vendas do comércio caírem 0,23%
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Sob impacto da retração da renda, o volume de vendas do comércio varejista caiu 0,23% em abril
na comparação com março, já excluídos os efeitos sazonais (típicos
de cada período), segundo o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística). Em março, o setor
havia registrado alta de 1,37%, depois de dois meses em queda.
Em relação a 2004, o comércio
segue apresentando taxas positivas, mas com clara desaceleração.
As vendas cresceram 3,4% comparadas com abril de 2004 -em
março, haviam subido 7,72%.
O fraco desempenho do setor de
super e hipermercados e demais
lojas de alimentos puxou as vendas do comércio para baixo. O volume de vendas do segmento, o de
maior peso no varejo, caiu 0,47%
em relação a março. Houve retração de 1,22% ante abril de 2004, a
primeira taxa negativa desde novembro de 2003.
Para o IBGE, a queda do rendimento do trabalhador apontada
pela Pesquisa Mensal de Emprego
(1,8% ante março) e a relativa estabilidade do emprego explicam o
recuo das vendas de supermercados, dependentes de aumento da
massa salarial. "A gente acredita
que a queda da renda tenha afetado o comércio em abril", disse
Reinaldo Silva Pereira, economista do IBGE. Na comparação com
abril de 2004, diz ele, pesou também o fato de a Páscoa ter sido em
março neste ano. No ano passado,
o feriado foi em abril, o que inflou
os resultados daquele mês.
Para o economista Carlos Thadeu de Freitas, da CNC (Confederação Nacional do Comércio), a
inflação mais alta nos quatro primeiros meses do ano também reduziu o poder de compra dos
consumidores, com reflexos nas
vendas de bens não-duráveis (alimentos, bebidas e outros).
Por outro lado, o crédito farto
compensou o aumento dos juros
e levou a um crescimento das vendas de móveis e eletrodomésticos,
avalia Freitas. As vendas das lojas
de móveis e eletrodomésticos subiram 1,06% na comparação com
março, já com o ajuste sazonal: alta de 23,93% ante abril de 2004.
Na visão do economista da
CNC, os indicadores mostram
que "o comércio está parado, estagnado, mas num patamar elevado de vendas" graças à forte expansão do setor em 2004 (9,25%).
A CNC estima um crescimento
de 4% do varejo neste ano. A expectativa, diz Freitas, é que as vendas se acelerem no segundo semestre em razão das perspectivas
de queda da taxa Selic, redução da
inflação e recuperação da renda.
Mesmo o aumento da inadimplência, diz Freitas, não será empecilho para a expansão do comércio pois os consumidores estão conseguindo rolar dívidas e
obter novos financiamentos com
a "forte liquidez" do mercado.
O IBGE também divulgou ontem o índice do comércio ampliado, que inclui, além dos setores
pesquisados no indicador tradicional, os ramos de material de
construção e veículos. A separação ocorre porque ambos vendem também por atacado.
Por causa da alta nas vendas de
automóveis, houve expansão de
3,57% no indicador ampliado na
comparação com abril de 2004.
Também sob efeito do crédito, as
vendas de veículos cresceram
5,57% em abril. Já as de material
de construção caíram 3,16%.
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