São Paulo, quarta-feira, 15 de junho de 2005

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MARCHA LENTA

Fraco desempenho de super e hipermercados contribui para recuo em abril, embora patamar esteja elevado

Renda faz vendas do comércio caírem 0,23%

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Sob impacto da retração da renda, o volume de vendas do comércio varejista caiu 0,23% em abril na comparação com março, já excluídos os efeitos sazonais (típicos de cada período), segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em março, o setor havia registrado alta de 1,37%, depois de dois meses em queda.
Em relação a 2004, o comércio segue apresentando taxas positivas, mas com clara desaceleração. As vendas cresceram 3,4% comparadas com abril de 2004 -em março, haviam subido 7,72%.
O fraco desempenho do setor de super e hipermercados e demais lojas de alimentos puxou as vendas do comércio para baixo. O volume de vendas do segmento, o de maior peso no varejo, caiu 0,47% em relação a março. Houve retração de 1,22% ante abril de 2004, a primeira taxa negativa desde novembro de 2003.
Para o IBGE, a queda do rendimento do trabalhador apontada pela Pesquisa Mensal de Emprego (1,8% ante março) e a relativa estabilidade do emprego explicam o recuo das vendas de supermercados, dependentes de aumento da massa salarial. "A gente acredita que a queda da renda tenha afetado o comércio em abril", disse Reinaldo Silva Pereira, economista do IBGE. Na comparação com abril de 2004, diz ele, pesou também o fato de a Páscoa ter sido em março neste ano. No ano passado, o feriado foi em abril, o que inflou os resultados daquele mês.
Para o economista Carlos Thadeu de Freitas, da CNC (Confederação Nacional do Comércio), a inflação mais alta nos quatro primeiros meses do ano também reduziu o poder de compra dos consumidores, com reflexos nas vendas de bens não-duráveis (alimentos, bebidas e outros).
Por outro lado, o crédito farto compensou o aumento dos juros e levou a um crescimento das vendas de móveis e eletrodomésticos, avalia Freitas. As vendas das lojas de móveis e eletrodomésticos subiram 1,06% na comparação com março, já com o ajuste sazonal: alta de 23,93% ante abril de 2004.
Na visão do economista da CNC, os indicadores mostram que "o comércio está parado, estagnado, mas num patamar elevado de vendas" graças à forte expansão do setor em 2004 (9,25%).
A CNC estima um crescimento de 4% do varejo neste ano. A expectativa, diz Freitas, é que as vendas se acelerem no segundo semestre em razão das perspectivas de queda da taxa Selic, redução da inflação e recuperação da renda.
Mesmo o aumento da inadimplência, diz Freitas, não será empecilho para a expansão do comércio pois os consumidores estão conseguindo rolar dívidas e obter novos financiamentos com a "forte liquidez" do mercado.
O IBGE também divulgou ontem o índice do comércio ampliado, que inclui, além dos setores pesquisados no indicador tradicional, os ramos de material de construção e veículos. A separação ocorre porque ambos vendem também por atacado.
Por causa da alta nas vendas de automóveis, houve expansão de 3,57% no indicador ampliado na comparação com abril de 2004. Também sob efeito do crédito, as vendas de veículos cresceram 5,57% em abril. Já as de material de construção caíram 3,16%.


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