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Fuga de estrangeiros da Bolsa se acentua
Em junho, até sexta, venda de ações com capital externo superou compras em R$ 1,1 bi; em todo o mês de maio, saiu R$ 1,5 bi
Apesar de a inflação nos
EUA ter ficado acima do
esperado, mercados vivem
dia de recuperação, e
Bovespa avança 0,29%
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A virada do mês não interrompeu a saída de capital externo da Bovespa. Como nas últimas semanas de maio, os estrangeiros mais venderam que
compraram ações na Bovespa
nos primeiros nove dias deste
mês. Esse movimento explica
as quedas seguidas que a Bolsa
paulista têm sofrido há pouco
mais de um mês.
O balanço dos negócios feitos
com capital estrangeiro na Bolsa de Valores de São Paulo neste mês, até sexta, ficou negativo
em R$ 1,127 bilhão. Em todo o
mês de maio, esse saldo ficou
negativo em R$ 1,515 bilhão.
Com isso, a Bovespa registra
desvalorização de 9,82% em junho. No acumulado do ano, as
perdas estão em 1,54%.
A Bolsa só não perdeu mais
nos últimos dias porque o saldo
de outras categorias de investidores está positivo no mês. O
investidor pessoa física, por
exemplo, mais comprou que
vendeu ações no montante de
R$ 218,8 milhões em junho.
Desde o dia 10 de maio, o
mercado financeiro global atravessa um período marcado por
forte turbulência. As Bolsas
têm caído em diferentes partes
do mundo. Nem o mercado
acionário norte-americano
tem sido poupado. Um exemplo é a americana Nasdaq, que
reúne ações de empresas de alta tecnologia, que está com perdas de 4,26% neste mês.
Ao menos a divulgação de dados econômicos nos EUA ontem foi recebida com certa
tranqüilidade. Os números do
CPI (índice de preços ao consumidor norte-americano) não
chegaram a surpreender. E isso
mesmo com o núcleo do indicador -que desconta a oscilação
dos preços de alimentos e energia- ficando acima das expectativas (0,3%, contra 0,2% que
era esperado). O Dow Jones subiu 1,03%; a Nasdaq, 0,65%.
O Livro Bege -compilação
de dados da economia dos
EUA-, que foi divulgado no fim
da tarde, mostrou que a atividade econômica no país manteve-se em expansão, mas deu sinais
de desaceleração. A resposta do
mercado a esses dados foi positiva, especialmente na última
hora de negociação.
A Bovespa, que chegou a cair
2,30%, terminou o dia com alta
de 0,29%. Na Europa, as Bolsas
não tiveram oscilações pesadas
ontem. Em Frankfurt, o índice
DAX subiu 0,26%. Em Londres,
a Bolsa teve baixa de 0,23%.
"Os dados do CPI não foram
mal absorvidos, como alguns
temiam", diz Álvaro Bandeira,
diretor da corretora Ágora Sênior. "Após as quedas das últimas semanas, podemos ter
chegado perto do fim da saída
de recursos dos estrangeiros da
Bolsa. O problema é que a volta
sempre é mais lenta, mais seletiva", afirma Bandeira.
Nos pregões de segunda e
terça, com os investidores esperando que os dados sobre a
economia americana que foram divulgados ontem viessem
muito ruins, as Bolsas sofreram
quedas pesadas em diferentes
mercados. Entre a segunda e a
terça, a Bovespa caiu 6,35%.
Ontem, o vencimento dos
contratos de opções sobre o
Ibovespa ajudou a esquentar os
negócios na Bolsa -o giro total
chegou a R$ 5,03 bilhões.
Dólar
No mercado de câmbio, o dólar perdeu fôlego diante do real
e fechou ontem em baixa de
1,25%, vendido a R$ 2,282. Na
terça-feira, a moeda havia atingido os R$ 2,311.
Apesar de as expectativas terem piorado, analistas não
vêem o dólar acima do atual nível no fim de ano. Segundo pesquisa do BC com cerca de cem
instituições financeiras, a previsão é que o dólar esteja em R$
2,20 no fim de 2006.
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