São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 2006

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Fuga de estrangeiros da Bolsa se acentua

Em junho, até sexta, venda de ações com capital externo superou compras em R$ 1,1 bi; em todo o mês de maio, saiu R$ 1,5 bi

Apesar de a inflação nos EUA ter ficado acima do esperado, mercados vivem dia de recuperação, e Bovespa avança 0,29%


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A virada do mês não interrompeu a saída de capital externo da Bovespa. Como nas últimas semanas de maio, os estrangeiros mais venderam que compraram ações na Bovespa nos primeiros nove dias deste mês. Esse movimento explica as quedas seguidas que a Bolsa paulista têm sofrido há pouco mais de um mês.
O balanço dos negócios feitos com capital estrangeiro na Bolsa de Valores de São Paulo neste mês, até sexta, ficou negativo em R$ 1,127 bilhão. Em todo o mês de maio, esse saldo ficou negativo em R$ 1,515 bilhão.
Com isso, a Bovespa registra desvalorização de 9,82% em junho. No acumulado do ano, as perdas estão em 1,54%.
A Bolsa só não perdeu mais nos últimos dias porque o saldo de outras categorias de investidores está positivo no mês. O investidor pessoa física, por exemplo, mais comprou que vendeu ações no montante de R$ 218,8 milhões em junho.
Desde o dia 10 de maio, o mercado financeiro global atravessa um período marcado por forte turbulência. As Bolsas têm caído em diferentes partes do mundo. Nem o mercado acionário norte-americano tem sido poupado. Um exemplo é a americana Nasdaq, que reúne ações de empresas de alta tecnologia, que está com perdas de 4,26% neste mês.
Ao menos a divulgação de dados econômicos nos EUA ontem foi recebida com certa tranqüilidade. Os números do CPI (índice de preços ao consumidor norte-americano) não chegaram a surpreender. E isso mesmo com o núcleo do indicador -que desconta a oscilação dos preços de alimentos e energia- ficando acima das expectativas (0,3%, contra 0,2% que era esperado). O Dow Jones subiu 1,03%; a Nasdaq, 0,65%.
O Livro Bege -compilação de dados da economia dos EUA-, que foi divulgado no fim da tarde, mostrou que a atividade econômica no país manteve-se em expansão, mas deu sinais de desaceleração. A resposta do mercado a esses dados foi positiva, especialmente na última hora de negociação.
A Bovespa, que chegou a cair 2,30%, terminou o dia com alta de 0,29%. Na Europa, as Bolsas não tiveram oscilações pesadas ontem. Em Frankfurt, o índice DAX subiu 0,26%. Em Londres, a Bolsa teve baixa de 0,23%.
"Os dados do CPI não foram mal absorvidos, como alguns temiam", diz Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora Sênior. "Após as quedas das últimas semanas, podemos ter chegado perto do fim da saída de recursos dos estrangeiros da Bolsa. O problema é que a volta sempre é mais lenta, mais seletiva", afirma Bandeira.
Nos pregões de segunda e terça, com os investidores esperando que os dados sobre a economia americana que foram divulgados ontem viessem muito ruins, as Bolsas sofreram quedas pesadas em diferentes mercados. Entre a segunda e a terça, a Bovespa caiu 6,35%.
Ontem, o vencimento dos contratos de opções sobre o Ibovespa ajudou a esquentar os negócios na Bolsa -o giro total chegou a R$ 5,03 bilhões.

Dólar
No mercado de câmbio, o dólar perdeu fôlego diante do real e fechou ontem em baixa de 1,25%, vendido a R$ 2,282. Na terça-feira, a moeda havia atingido os R$ 2,311.
Apesar de as expectativas terem piorado, analistas não vêem o dólar acima do atual nível no fim de ano. Segundo pesquisa do BC com cerca de cem instituições financeiras, a previsão é que o dólar esteja em R$ 2,20 no fim de 2006.


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