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Aversão a risco reduz "colchão de liquidez"
Investidor aplica menos em títulos do Tesouro, e estoque da dívida pública federal recua pelo segundo mês consecutivo
Débito volta a ficar abaixo
de R$ 1 trilhão; governo diz
que não é mais possível ficar
cinco meses sem captar recursos no mercado
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pelo segundo mês seguido, a
volatilidade no mercado financeiro dificultou a rolagem da dívida pública federal em títulos,
o que fez o estoque de papéis
cair 0,4% em maio e ficar pouco
abaixo da marca psicológica de
R$ 1 trilhão. A aversão ao risco
também espantou investidores
estrangeiros, que passaram a
aplicar menos em títulos vendidos pelo Tesouro Nacional.
No mês passado, a dívida mobiliária (títulos públicos) ficou
em R$ 999,1 bilhões, por causa
de resgate líquido de R$ 17,4 bilhões. Isso significa que o apetite do investidor por títulos federais diminuiu devido às incertezas, e o Tesouro foi obrigado a retirar do mercado mais
papéis que o volume ofertado.
"A volatilidade permaneceu
acentuada. O Tesouro foi mais
conservador tanto nos volumes
ofertados quanto nos prazos
médios", explicou o coordenador-geral da Dívida Pública,
Ronnie Tavares. Em abril, já
haviam sido retirados do mercado R$ 26,9 bilhões em títulos
em decorrência da crise nos
mercados globais.
Com os dois meses consecutivos de resgates líquidos, Tavares admitiu que o chamado
"colchão de liquidez" diminuiu
e já não é mais suficiente para o
governo suportar cinco meses
sem captar recursos. "Tivemos
que usar um pedaço do colchão,
que ainda é bastante confortável." Cauteloso, ele acrescenta
que o Tesouro pode enfrentar
novos movimentos de forte volatilidade e precisa estar preparado para atuar.
Investidor estrangeiro
Os dados divulgados ontem
mostram que houve queda expressiva nas aplicações de estrangeiros no mercado (primário) de títulos públicos. No período fevereiro/março, logo
após a edição da MP que isentou os estrangeiros de IR nas
aplicações em títulos públicos,
esse investidores aplicaram R$
8,4 bilhões em papéis.
Em abril/maio, esse volume
caiu para R$ 1,3 bilhão. "Com a
volatilidade no mercado externo, houve menos direcionamento para os mercados emergentes", justificou Tavares.
Diferenças
Apesar do mesmo grau de
nervosismo do mercado, Tavares pontuou duas diferenças
básicas na situação da dívida
em maio em comparação com
abril. No mês passado, houve
um vencimento expressivo de
papéis corrigidos pela Selic
(LFT) -R$ 27,5 bilhões- e, como não houve emissão desse tipo de título, a sua participação
na composição da dívida caiu.
A outra diferença notada em
maio foi a necessidade de o Tesouro entrar no mercado de
NTN-B (papéis corrigidos pelo
IPCA) para evitar que esse segmento se tornasse inviável. No
mês, o Tesouro interveio três
vezes em leilões simultâneos
de compra e venda de papéis. O
objetivo foi dar referência de
preço e garantir liquidez para
os investidores.
O mercado de NTN-Bs é menos estruturado, e a aversão ao
risco fez com que as taxas desses papéis disparassem no mercado secundário. Com isso,
houve perda de liquidez.
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