|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Carro exportado terá financiamento maior
BNDES deverá aumentar percentual do valor financiado como forma de compensar montadoras pela queda do dólar
Meta é elevar de 55% para 60% a 70% valor financiado na exportação; composição
dos juros nessas operações também deverá mudar
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social) deverá aumentar o
financiamento à exportação de
veículos como forma de compensar as montadoras pela alta
do real diante do dólar.
Essa é uma das medidas em
estudo pelo governo para compor o pacote de estímulo ao setor automotivo. A proposta é
aumentar de 55% para entre
60% e 70% o valor que o
BNDES financia nas vendas de
veículos ao exterior.
Além disso, o governo analisa
mudanças na composição dos
juros cobrados nessas operações. Hoje, parte da remuneração (20% do crédito) é atrelada
à variação do dólar, enquanto
os outros 80% do empréstimo
são corrigidos pela TJLP (Taxa
de Juros de Longo Prazo), que
hoje é de 6,5% ao ano.
A idéia é que os recursos passem a ser calculados com base
apenas na TJLP. Apesar de a
conjuntura atual reduzir os juros pagos na parcela corrigida
pelo dólar, já que o real se valoriza em relação à moeda americana, a adoção da TJLP será
mais vantajosa para as empresas e também eliminará qualquer incerteza em relação à flutuação do dólar.
A melhora nas condições de
financiamento às exportações
de automóveis reduz, na verdade, os custos financeiros das
montadoras para produzir os
veículos vendidos no país. Essa
queda no custo é que acaba
compensando uma parte do aumento que ocorre por causa da
valorização do real, quando os
produtos brasileiros ficam
mais caros no exterior.
O pacote que o governo prepara também incluirá recursos
para que as montadoras possam elevar sua capacidade de
produção e medidas para estimular o setor eletroeletrônico.
Além de medidas direcionadas para as montadoras, o governo também está estudando
o que pode ser feito no setor de
autopeças. Como essas empresas são muito menores que as
montadores, há gargalos, por
exemplo, na concessão de avais
para que os fornecedores possam buscar financiamentos.
Dados da Confederação Nacional da Indústria indicam
que o setor automotivo usou
83,3% da capacidade produtiva
em abril. Como as vendas para
o mercado interno têm aumentado, há risco de faltar capacidade para atender a demanda.
Alavancar exportações
O BNDES começou a financiar as exportações de veículos
em setembro de 2005. Quando
criou essa linha de empréstimo, o banco liberava apenas
30% do valor da exportação.
Esse percentual subiu para
55% em julho do ano passado.
Desde então, já foi liberado
US$ 1,45 bilhão às montadoras.
De acordo com a Anfavea
(Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a linha de financiamento do BNDEs é um instrumento
importante para alavancar as
exportações no setor. A abertura desse tipo de crédito foi um
pedido das montadoras ao governo.
As exportações do setor automotivo têm caído com a valorização do real. Os dados da Anfavea mostram queda de 8,5%
nas vendas de veículos leves ao
exterior nos cinco primeiros
meses deste ano em relação a
igual período de 2006.
Essa tendência vem se acentuando desde 2005. Naquele
ano, o total de veículos vendidos, incluindo carros, ônibus e
caminhões, foi de 734,2 mil
unidades; em 2006, 634,5 mil.
Nesta semana, o governo
anunciou um pacote que custará R$ 1 bilhão ao Tesouro para
tentar amenizar os efeitos do
dólar nos setores de calçados,
têxteis, confecções, artefatos
de couro e móveis. As montadoras foram incluídas em algumas das medidas, como a permissão para abater créditos de
PIS e Cofins imediatamente,
sem observar o prazo de 24 meses válido para outros setores.
Texto Anterior: Mão dupla: Além de importação, dólar baixo estimula contrabando Próximo Texto: Para enfrentar a Toyota, General Motors unifica a gestão; Brasil fica com picapes Índice
|