São Paulo, sexta-feira, 15 de junho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Carro exportado terá financiamento maior

BNDES deverá aumentar percentual do valor financiado como forma de compensar montadoras pela queda do dólar

Meta é elevar de 55% para 60% a 70% valor financiado na exportação; composição dos juros nessas operações também deverá mudar


LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) deverá aumentar o financiamento à exportação de veículos como forma de compensar as montadoras pela alta do real diante do dólar.
Essa é uma das medidas em estudo pelo governo para compor o pacote de estímulo ao setor automotivo. A proposta é aumentar de 55% para entre 60% e 70% o valor que o BNDES financia nas vendas de veículos ao exterior.
Além disso, o governo analisa mudanças na composição dos juros cobrados nessas operações. Hoje, parte da remuneração (20% do crédito) é atrelada à variação do dólar, enquanto os outros 80% do empréstimo são corrigidos pela TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), que hoje é de 6,5% ao ano.
A idéia é que os recursos passem a ser calculados com base apenas na TJLP. Apesar de a conjuntura atual reduzir os juros pagos na parcela corrigida pelo dólar, já que o real se valoriza em relação à moeda americana, a adoção da TJLP será mais vantajosa para as empresas e também eliminará qualquer incerteza em relação à flutuação do dólar.
A melhora nas condições de financiamento às exportações de automóveis reduz, na verdade, os custos financeiros das montadoras para produzir os veículos vendidos no país. Essa queda no custo é que acaba compensando uma parte do aumento que ocorre por causa da valorização do real, quando os produtos brasileiros ficam mais caros no exterior.
O pacote que o governo prepara também incluirá recursos para que as montadoras possam elevar sua capacidade de produção e medidas para estimular o setor eletroeletrônico.
Além de medidas direcionadas para as montadoras, o governo também está estudando o que pode ser feito no setor de autopeças. Como essas empresas são muito menores que as montadores, há gargalos, por exemplo, na concessão de avais para que os fornecedores possam buscar financiamentos.
Dados da Confederação Nacional da Indústria indicam que o setor automotivo usou 83,3% da capacidade produtiva em abril. Como as vendas para o mercado interno têm aumentado, há risco de faltar capacidade para atender a demanda.

Alavancar exportações
O BNDES começou a financiar as exportações de veículos em setembro de 2005. Quando criou essa linha de empréstimo, o banco liberava apenas 30% do valor da exportação. Esse percentual subiu para 55% em julho do ano passado. Desde então, já foi liberado US$ 1,45 bilhão às montadoras.
De acordo com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a linha de financiamento do BNDEs é um instrumento importante para alavancar as exportações no setor. A abertura desse tipo de crédito foi um pedido das montadoras ao governo.
As exportações do setor automotivo têm caído com a valorização do real. Os dados da Anfavea mostram queda de 8,5% nas vendas de veículos leves ao exterior nos cinco primeiros meses deste ano em relação a igual período de 2006.
Essa tendência vem se acentuando desde 2005. Naquele ano, o total de veículos vendidos, incluindo carros, ônibus e caminhões, foi de 734,2 mil unidades; em 2006, 634,5 mil.
Nesta semana, o governo anunciou um pacote que custará R$ 1 bilhão ao Tesouro para tentar amenizar os efeitos do dólar nos setores de calçados, têxteis, confecções, artefatos de couro e móveis. As montadoras foram incluídas em algumas das medidas, como a permissão para abater créditos de PIS e Cofins imediatamente, sem observar o prazo de 24 meses válido para outros setores.


Texto Anterior: Mão dupla: Além de importação, dólar baixo estimula contrabando
Próximo Texto: Para enfrentar a Toyota, General Motors unifica a gestão; Brasil fica com picapes
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.