São Paulo, sexta-feira, 15 de junho de 2007

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Para enfrentar a Toyota, General Motors unifica a gestão; Brasil fica com picapes

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Pressionada pelo avanço da Toyota em direção à liderança mundial do mercado automobilístico, a General Motors revolucionou sua gestão nos últimos dois anos: unificou as unidades regionais e passou a ser administrada como uma única empresa global, na qual alguns países são responsáveis pelo desenvolvimento de projetos para todo o mundo.
Na divisão de trabalho, o Brasil ficou com o segmento de caminhões leves, que são as picapes, como a S10. Para atender a demanda, o número de engenheiros na operação brasileira deverá chegar a 1.200 até o fim deste ano -eram 660 no final de 2005. A equipe de designers aumentará de 85 para 180 no mesmo período.
O objetivo da mudança é o corte de custos. Regiões de altos salários, como os EUA e a Europa, perderam atribuições, que foram transferidas a países emergentes mais baratos. Além do Brasil, a Coréia do Sul terá papel relevante e ficará com o segmento de carros pequenos.
"Pela primeira vez na história, a GM está sendo comandada como uma única companhia", afirmou Bob Lutz, vice-chairman e vice-presidente mundial de desenvolvimento de produtos da montadora.
Lutz e sua equipe estiveram no Brasil nesta semana e deram entrevista a um grupo de jornalistas anteontem.
Para o executivo, a gestão global foi o que levou a Toyota a superar a GM e assumir, no primeiro trimestre de 2007, a liderança no mercado automobilístico -lugar que a americana ocupava desde 1931. "Nós éramos um grupo de quatro empresas, distribuídas na América do Norte, na América Latina, na Europa e na Ásia."
Jim Queen, vice-presidente responsável pelos centros de tecnologia, ressaltou que a empresa não tinha mais recursos para continuar operando como quatro unidades separadas. No primeiro trimestre deste ano, a Toyota vendeu 2,35 milhões de veículos em todo o mundo, e a GM, 2,25 milhões. A montadora japonesa deve manter a liderança no restante do ano, já que suas vendas vêm aumentando em ritmo quase três vezes superior às da americana.

China
A estratégia da GM para crescer também inclui o foco nos mercados emergentes, que se expandem em velocidade bem superior à dos países ricos.
A previsão de Lutz é que em cinco anos a GM venderá mais carros na China que nos EUA. Em 2006, o país asiático já foi o segundo maior mercado para a montadora, com 800 mil veículos (os americanos compraram 4,5 milhões de carros da GM).
No Brasil, a empresa ficou em quarto lugar no ranking das fabricantes de veículos, com 409,9 mil unidades vendidas.
Com a elevação da renda na China e na Índia, países que reúnem 40% da população mundial, Lutz avalia que haverá uma "fenomenal" demanda por carros de baixo custo.

Migração
Apesar de rejeitar a tese de que a emissão de CO2 por veículos provoca o aquecimento global, Lutz afirmou que será inevitável a migração para combustíveis renováveis, como álcool e outros biocombustíveis. "Quase todo o gás carbônico vem de processos naturais." Segundo ele, a frota de todo o mundo responde por 0,4% da emissão total de CO2.
Segundo Lutz, o mercado automobilístico chinês ainda vive uma fase de faroeste, na qual não há respeito à propriedade intelectual nem a regras de segurança e emissões por parte das empresas locais.
"No fim, a lei e a ordem vão imperar."


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