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Para enfrentar a Toyota, General Motors unifica a gestão; Brasil fica com picapes
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Pressionada pelo avanço da
Toyota em direção à liderança
mundial do mercado automobilístico, a General Motors revolucionou sua gestão nos últimos dois anos: unificou as unidades regionais e passou a ser
administrada como uma única
empresa global, na qual alguns
países são responsáveis pelo
desenvolvimento de projetos
para todo o mundo.
Na divisão de trabalho, o Brasil ficou com o segmento de caminhões leves, que são as picapes, como a S10. Para atender a
demanda, o número de engenheiros na operação brasileira
deverá chegar a 1.200 até o fim
deste ano -eram 660 no final
de 2005. A equipe de designers
aumentará de 85 para 180 no
mesmo período.
O objetivo da mudança é o
corte de custos. Regiões de altos salários, como os EUA e a
Europa, perderam atribuições,
que foram transferidas a países
emergentes mais baratos. Além
do Brasil, a Coréia do Sul terá
papel relevante e ficará com o
segmento de carros pequenos.
"Pela primeira vez na história, a GM está sendo comandada como uma única companhia", afirmou Bob Lutz, vice-chairman e vice-presidente
mundial de desenvolvimento
de produtos da montadora.
Lutz e sua equipe estiveram
no Brasil nesta semana e deram
entrevista a um grupo de jornalistas anteontem.
Para o executivo, a gestão
global foi o que levou a Toyota a
superar a GM e assumir, no primeiro trimestre de 2007, a liderança no mercado automobilístico -lugar que a americana
ocupava desde 1931. "Nós éramos um grupo de quatro empresas, distribuídas na América
do Norte, na América Latina,
na Europa e na Ásia."
Jim Queen, vice-presidente
responsável pelos centros de
tecnologia, ressaltou que a empresa não tinha mais recursos
para continuar operando como
quatro unidades separadas. No
primeiro trimestre deste ano, a
Toyota vendeu 2,35 milhões de
veículos em todo o mundo, e a
GM, 2,25 milhões. A montadora japonesa deve manter a liderança no restante do ano, já que
suas vendas vêm aumentando
em ritmo quase três vezes superior às da americana.
China
A estratégia da GM para crescer também inclui o foco nos
mercados emergentes, que se
expandem em velocidade bem
superior à dos países ricos.
A previsão de Lutz é que em
cinco anos a GM venderá mais
carros na China que nos EUA.
Em 2006, o país asiático já foi o
segundo maior mercado para a
montadora, com 800 mil veículos (os americanos compraram
4,5 milhões de carros da GM).
No Brasil, a empresa ficou
em quarto lugar no ranking das
fabricantes de veículos, com
409,9 mil unidades vendidas.
Com a elevação da renda na
China e na Índia, países que
reúnem 40% da população
mundial, Lutz avalia que haverá uma "fenomenal" demanda
por carros de baixo custo.
Migração
Apesar de rejeitar a tese de
que a emissão de CO2 por veículos provoca o aquecimento global, Lutz afirmou que será inevitável a migração para combustíveis renováveis, como álcool e outros biocombustíveis.
"Quase todo o gás carbônico
vem de processos naturais."
Segundo ele, a frota de todo o
mundo responde por 0,4% da
emissão total de CO2.
Segundo Lutz, o mercado automobilístico chinês ainda vive
uma fase de faroeste, na qual
não há respeito à propriedade
intelectual nem a regras de segurança e emissões por parte
das empresas locais.
"No fim, a lei e a ordem vão
imperar."
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