São Paulo, segunda, 15 de junho de 1998

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MOVIMENTO
Charles Bell, da Union Consumers, defende participação na OMC
Globalização traz desafios para defesa do consumidor

ANTONIO CARLOS SEIDL
da Reportagem Local

A globalização econômica é atualmente a grande preocupação do movimento internacional de defesa dos consumidor.
Foi o que disse à Folha Charles Bell, 39, diretor da "Consumers Union", a principal entidade independente de proteção aos direitos dos consumidores nos EUA .
Bell participou do 4º Encontro Nacional de Entidades Civis de Defesa do Consumidor, na semana passada, em São Paulo.
A "Consumers Union", segundo ele, vê a globalização como uma oportunidade, mas também como um desafio.
"A globalização dos mercados representa uma oportunidade de melhorar a proteção dos consumidores e de criar padrões globais de segurança que vão garantir um nivel decente de proteção para todos consumidores do mundo, e não apenas para os consumidores dos países ricos."
Para Bell, o maior desafio é conseguir um papel ativo para o movimento internacional dos consumidores na OMC (Organização Mundial do Comércio).
Segundo ele, o brasileiro precisa perder o medo de reclamar quando os seus direitos de consumidor são desrespeitados pelo governo, pela indústria e por prestadores de serviços.
A "Consumers Union" é uma associação de consumidores, fundada em 1936, em Nova York (EUA), para testar e avaliar produtos e serviços, defender os direitos dos consumidores, inclusive na Justiça, e fazer lobby, em nome dos interesses dos consumidores, no Congresso e nas assembléias legislativas estaduais.
Os resultados dos testes são divulgados pela sua revista mensal, a "Consumer Reports", publicada desde maio de 1936. Ela conta com 4,6 milhões de assinantes e cerca de 20 milhões de leitores.
Para preservar sua independência e imparcialidade, a "Consumers Union" compra todos os produtos que testa, não aceita amostras grátis, presentes e publicidade de empresas ou de órgãos governamentais.
Com um orçamento anual de US$ 140 milhões, a "Consumers Union" obtém seu dinheiro exclusivamente da venda de suas publicações e de seus serviços, não tendo vínculo com empresas, partidos políticos ou governos.
Bell disse que a maior vitória da "Consumers Union", em mais de seis décadas de atuação, foi criar um movimento de "militância" dos consumidores para combater a falta de ética e de honestidade dos fabricantes de produtos e dos prestadores de serviços.
"A receita para o sucesso das entidades de proteção dos consumidores tem dois ingredientes básicos: bons contatos com políticos simpatizantes da causa dos consumidores e o apoio dos meios de comunicação."
Os jornais e revistas norte-americanos, segundo ele, dedicam muita atenção e dão muito espaço para a defesa dos direitos dos consumidores.
No Brasil, a "Consumers Union", por meio de seu braço internacional, a "Consumers International", apóia o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), uma associação de consumidores, fundada em 1987.
A revista da "Consumers Union" influencia fortemente o mercado. São inúmeros os casos da melhoria do projeto como resultado das avaliações da "Consumer Reports".
Bell disse que, em 1973, a revista qualificou de "não recomendável", depois de testes, o sistema de vedação contra vazamentos de substâncias radioativas nocivas à saúde de todas marcas de fornos microondas do mercado.
"Como resultado do nosso relatório, os fabricantes foram obrigados a modificar o projeto e a desenvolver novos padrões de segurança contra os vazamentos.



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