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MOVIMENTO
Charles Bell, da Union Consumers, defende participação na OMC
Globalização traz desafios para defesa do consumidor
ANTONIO CARLOS SEIDL
da Reportagem Local
A globalização econômica é
atualmente a grande preocupação
do movimento internacional de
defesa dos consumidor.
Foi o que disse à Folha Charles
Bell, 39, diretor da "Consumers
Union", a principal entidade independente de proteção aos direitos dos consumidores nos EUA .
Bell participou do 4º Encontro
Nacional de Entidades Civis de
Defesa do Consumidor, na semana passada, em São Paulo.
A "Consumers Union", segundo ele, vê a globalização como
uma oportunidade, mas também
como um desafio.
"A globalização dos mercados
representa uma oportunidade de
melhorar a proteção dos consumidores e de criar padrões globais de
segurança que vão garantir um nivel decente de proteção para todos
consumidores do mundo, e não
apenas para os consumidores dos
países ricos."
Para Bell, o maior desafio é conseguir um papel ativo para o movimento internacional dos consumidores na OMC (Organização
Mundial do Comércio).
Segundo ele, o brasileiro precisa
perder o medo de reclamar quando os seus direitos de consumidor
são desrespeitados pelo governo,
pela indústria e por prestadores de
serviços.
A "Consumers Union" é uma
associação de consumidores, fundada em 1936, em Nova York
(EUA), para testar e avaliar produtos e serviços, defender os direitos dos consumidores, inclusive
na Justiça, e fazer lobby, em nome
dos interesses dos consumidores,
no Congresso e nas assembléias legislativas estaduais.
Os resultados dos testes são divulgados pela sua revista mensal, a
"Consumer Reports", publicada
desde maio de 1936. Ela conta com
4,6 milhões de assinantes e cerca
de 20 milhões de leitores.
Para preservar sua independência e imparcialidade, a "Consumers Union" compra todos os
produtos que testa, não aceita
amostras grátis, presentes e publicidade de empresas ou de órgãos
governamentais.
Com um orçamento anual de
US$ 140 milhões, a "Consumers
Union" obtém seu dinheiro exclusivamente da venda de suas publicações e de seus serviços, não
tendo vínculo com empresas, partidos políticos ou governos.
Bell disse que a maior vitória da
"Consumers Union", em mais de
seis décadas de atuação, foi criar
um movimento de "militância"
dos consumidores para combater
a falta de ética e de honestidade
dos fabricantes de produtos e dos
prestadores de serviços.
"A receita para o sucesso das
entidades de proteção dos consumidores tem dois ingredientes básicos: bons contatos com políticos
simpatizantes da causa dos consumidores e o apoio dos meios de
comunicação."
Os jornais e revistas norte-americanos, segundo ele, dedicam
muita atenção e dão muito espaço
para a defesa dos direitos dos consumidores.
No Brasil, a "Consumers
Union", por meio de seu braço
internacional, a "Consumers International", apóia o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), uma associação de consumidores, fundada em 1987.
A revista da "Consumers
Union" influencia fortemente o
mercado. São inúmeros os casos
da melhoria do projeto como resultado das avaliações da "Consumer Reports".
Bell disse que, em 1973, a revista
qualificou de "não recomendável", depois de testes, o sistema de
vedação contra vazamentos de
substâncias radioativas nocivas à
saúde de todas marcas de fornos
microondas do mercado.
"Como resultado do nosso relatório, os fabricantes foram obrigados a modificar o projeto e a desenvolver novos padrões de segurança contra os vazamentos.
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