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Champanhe é termômetro da economia, diz Veuve Clicquot
Eduardo Knapp/Folha Imagem
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Cécile Bonnefond, presidente da Veuve Clicquot, em São Paulo |
ISABELLE MOREIRA LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
O consumo de champanhe
pode ser o termômetro da economia de um país. É assim que
Cécile Bonnefond, presidente
mundial da Veuve Clicquot,
avalia a atual relação da bebida
com o mercado brasileiro.
Em entrevista à Folha, a executiva disse que o Brasil é um
mercado-chave para a marca e
desconversou quando questionada sobre a bebida produzida
no país. Leia trechos a seguir.
FOLHA - Como avalia o mercado
brasileiro?
CÉCILE BONNEFOND - Avalio muito
bem. O Brasil está na nossa 12ª
posição mundialmente. O país
vem se desenvolvendo muito
nos últimos anos e, quanto
mais rico fica, mais aberto ao
consumo internacional.
FOLHA - O que pensa da qualidade
da bebida produzida no Brasil?
BONNEFOND - Os brasileiros parecem gostar (risos). Quanto
mais você tem oportunidade de
escolher, mais exigente fica.
Como em todos os países,
quando as pessoas passam o nível de sobrevivência, parecem
preferir menos quantidade e
mais qualidade. Os brasileiros
fazem parte dessa tendência.
FOLHA - Sobre os hábitos dos brasileiros, pensa que são diferentes...
BONNEFOND - ...Dos franceses. A
França representa 50% do
mercado mundial. O nosso país
número um é os EUA, o número dois é o Reino Unido e o número três, a Itália. A França é
apenas o número quatro. Se você pensar bem, o Brasil é o número 12. Não é tão ruim.
No Brasil, o champanhe é vista como luxo. Ainda não há um
consumo diário, mas já passou
do momento de consumo apenas no Natal e no Ano Novo.
FOLHA - Os mercados emergentes
consomem tanto quanto o Brasil?
BONNEFOND - O Brasil está na
frente. Para nós, é um mercado-chave. Há 20 anos, a Venezuela era o número um. Mas,
com a evolução política do país,
nós quase desaparecemos. O
Brasil é um país muito mais estável. Sua economia está indo
muito bem e os brasileiros decidiram que querem acessar o
que o mundo tem a oferecer.
FOLHA - É possível dizer que o consumo do champanhe pode ser um...
BONNEFOND - ... Termômetro da
economia. Quanto mais ricos
são os países, mais potencial
mostram. Mas como medir riqueza? Os chineses nunca beberam champanhe em suas vidas. Estão bem atrás do Brasil.
FOLHA - E o mercado global?
BONNEFOND - Vai muito bem.
Temos recorde nas vendas, acima do que foi vendido para a virada do milênio.
FOLHA - Como é o bom champanhe?
BONNEFOND - O bom champanhe começa nos vinhedos, tem
vinhos de reserva e um ótimo
time de enólogos -meu enólogo-mestre é meu designer, meu
[estilista John] Galliano. É preciso envelhecer o champanhe
antes de vender. Não é uma indústria, é uma arte, é luxo.
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