São Paulo, sexta, 15 de agosto de 1997.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CENÁRIOS
Previsão de renda per capita de US$ 16 mil é do diretor de Política Monetária do Banco Central, Francisco Lopes
Para BC, país vira 'Espanha' em 20 anos

DENISE CHRISPIM MARIN
da Sucursal de Brasília

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Francisco Lopes, disse ontem que, com o atual ritmo de crescimento econômico e populacional, a renda per capita brasileira será comparável à da Espanha em 20 anos.
"Isso nos levará a ser uma Espanha em 20 anos", disse Lopes aos deputados da Comissão de Economia, Comércio e Indústria, em um seminário sobre o Plano Real.
Se o Brasil será uma Espanha em termos de renda per capita em 2017, isso significa que o rendimento anual do brasileiro, em média, será de cerca de US$ 16 mil.
Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a renda per capita brasileira foi de US$ 4.780 em 96.
Lopes usou a previsão como meio de sustentar que "é notável" o país manter uma expectativa de crescimento econômico de 4% neste ano, ao mesmo tempo em que a inflação se conserva baixa para os padrões nacionais.
Para ele -e toda a equipe econômica do governo-, consolidar a estabilidade da moeda é o meio de o país conseguir saltar de patamar, inclusive na área social.
A projeção de Lopes se baseia em dois dados: a previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), o conjunto de riquezas produzidas no país e a perspectiva de redução na taxa de crescimento da população brasileira.
O economista não mencionou, porém, que a distribuição de renda no Brasil é bem pior que a da Espanha -mesmo com a taxa de desemprego de 15% a 20% da população ativa daquele país.
"Temos a melhor distribuição de renda da Europa Ocidental", afirmou à Folha Fernando Espada, analista de mercado da Embaixada da Espanha no Brasil.
A Espanha registrou um PIB de US$ 650 bilhões no ano passado, cifra que representou crescimento de 2,2% em relação a 1996.
Assim como o Brasil, a Espanha mantém hoje reservas internacionais elevadas -de US$ 57 bilhões. A balança comercial registrou déficit de US$ 14 bilhões em 1996, mas as contas externas apontaram superávit de US$ 2 bilhões.
No Brasil, o déficit comercial foi menor, de US$ 5,539 bilhões. Mas tornou-se a principal causa do saldo negativo das contas correntes, que chegou a US$ 24,347 bilhões.
A receita do saldo positivo espanhol, em parte, pode ser explicada pelos dólares desembolsados no país por cerca de 60 mil turistas no ano passado.
Segundo Lopes, as reservas externas do Brasil servem como garantia contra saldos negativos nas contas externas do país.
Para o economista, "não há mudança mágica" que reduza a previsão de déficit para este ano e faça as contas se equilibrarem.
De acordo com seus cálculos, nos últimos 12 meses o real sofreu desvalorização real de 5% frente ao dólar -2,5% seria o ganho na relação entre a desvalorização real e a inflação e mais 2,5% da inflação norte-americana no período.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Universo Online ou do detentor do copyright.