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CENÁRIOS
Previsão de renda per capita de US$ 16 mil é do diretor de Política Monetária do Banco Central, Francisco Lopes
Para BC, país vira 'Espanha' em 20 anos
DENISE CHRISPIM MARIN
da Sucursal de Brasília
O diretor de Política Monetária
do Banco Central, Francisco Lopes, disse ontem que, com o atual
ritmo de crescimento econômico e
populacional, a renda per capita
brasileira será comparável à da Espanha em 20 anos.
"Isso nos levará a ser uma Espanha em 20 anos", disse Lopes aos
deputados da Comissão de Economia, Comércio e Indústria, em um
seminário sobre o Plano Real.
Se o Brasil será uma Espanha em
termos de renda per capita em
2017, isso significa que o rendimento anual do brasileiro, em média, será de cerca de US$ 16 mil.
Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a renda per capita brasileira foi de US$
4.780 em 96.
Lopes usou a previsão como
meio de sustentar que "é notável"
o país manter uma expectativa de
crescimento econômico de 4%
neste ano, ao mesmo tempo em
que a inflação se conserva baixa
para os padrões nacionais.
Para ele -e toda a equipe econômica do governo-, consolidar a
estabilidade da moeda é o meio de
o país conseguir saltar de patamar,
inclusive na área social.
A projeção de Lopes se baseia em
dois dados: a previsão de crescimento do PIB (Produto Interno
Bruto), o conjunto de riquezas
produzidas no país e a perspectiva
de redução na taxa de crescimento
da população brasileira.
O economista não mencionou,
porém, que a distribuição de renda
no Brasil é bem pior que a da Espanha -mesmo com a taxa de desemprego de 15% a 20% da população ativa daquele país.
"Temos a melhor distribuição
de renda da Europa Ocidental",
afirmou à Folha Fernando Espada,
analista de mercado da Embaixada
da Espanha no Brasil.
A Espanha registrou um PIB de
US$ 650 bilhões no ano passado,
cifra que representou crescimento
de 2,2% em relação a 1996.
Assim como o Brasil, a Espanha
mantém hoje reservas internacionais elevadas -de US$ 57 bilhões.
A balança comercial registrou déficit de US$ 14 bilhões em 1996,
mas as contas externas apontaram
superávit de US$ 2 bilhões.
No Brasil, o déficit comercial foi
menor, de US$ 5,539 bilhões. Mas
tornou-se a principal causa do saldo negativo das contas correntes,
que chegou a US$ 24,347 bilhões.
A receita do saldo positivo espanhol, em parte, pode ser explicada
pelos dólares desembolsados no
país por cerca de 60 mil turistas no
ano passado.
Segundo Lopes, as reservas externas do Brasil servem como garantia contra saldos negativos nas
contas externas do país.
Para o economista, "não há mudança mágica" que reduza a previsão de déficit para este ano e faça as
contas se equilibrarem.
De acordo com seus cálculos,
nos últimos 12 meses o real sofreu
desvalorização real de 5% frente ao
dólar -2,5% seria o ganho na relação entre a desvalorização real e
a inflação e mais 2,5% da inflação
norte-americana no período.
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