São Paulo, terça-feira, 15 de agosto de 2000


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Mercado internacional de papel tem mais alta cotação em 5 anos

RICARDO GRINBAUM
DE LONDRES

O preço do papel no mercado internacional está no seu ponto mais alto dos últimos cinco anos. Só em 1995, a cotação do papel para impressão ultrapassou a marca de US$ 750 por tonelada.
Nos últimos 18 meses, o preço do papel subiu, em média, mais de 25%, diz Roger Wright, diretor-executivo da consultoria britânica Hawkins e Wright, que tem em sua lista de clientes várias empresas brasileiras produtoras de papel e celulose.
A principal explicação para a alta recorde de preços, de acordo com Wright, é o aquecimento da economia mundial.
Quase todas as regiões estão crescendo, incluindo os EUA e a Europa.
Mas a região que está mais influenciando a alta dos preços no setor é a Ásia. Com o crescimento da China e a recuperação da economia de países como Coréia do Sul e Tailândia, o volume de anúncios cresceu muito nos jornais asiáticos.
"Os jornais precisaram aumentar seu tamanho para comportar as propagandas, e o consumo de papel disparou", explica Wright. "Como não há perspectiva de aumento de produção para atender a essa demanda, os preços não param de subir."
Em todo o mundo, os estoques de papel estão caindo e o ritmo da produção, aumentando. Hoje, as fábricas de papel norte-americanas trabalham com 94% de sua capacidade de produção e calcula-se que devam chegar a 100% no ano que vem.
O problema está sendo agravado pelo fato que algumas fábricas nos Estados Unidos estão deixando de produzir papel para impressão de jornais para se especializar em outros segmentos mais rentáveis.
Se os planos das empresas norte-americanas forem confirmados, haverá uma redução de 1 milhão de toneladas na capacidade de produção de papel para impressão de jornais em 2001.
Atualmente, a produção mundial de papel para impressão de jornais é de 38 milhões de toneladas, segundo Joanne Potter, da "Pulp and Paper International", revista especializada no mercado de papel e de celulose.
"O preço do papel não vai cair pelo menos nos próximos seis meses", avalia Wright. "Só no ano que vem poderemos ter uma idéia se há perspectiva de mudança nas cotações."
Além do crescimento do consumo, o mercado está passando por outra grande mudança. A produção está ficando concentrada num número cada vez menor de empresas porque estão ocorrendo várias fusões e aquisições.
As norte-americanas John Weaver e Donohue se uniram em abril. Já a norueguesa Norske Skog comprou a divisão de papel e de celulose do grupo neozelandês Fletcher Challenge.
Com a compra, estimada em US$ 2,7 bilhões, a Norske Skog se tornou a segunda maior produtora mundial de papel e de celulose do mundo, com fábricas em 13 países, incluindo o Brasil.
"Por enquanto, não há perspectiva de abertura ou de ampliação de fábricas para aumento de produção", diz Wright.


Com agências internacionais

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