São Paulo, terça-feira, 15 de agosto de 2000


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Dono de carro a gás enfrenta fila em posto

MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os motoristas que adaptaram seus veículos para poder usar gás combustível precisam ser muito pacientes no Brasil. O número de carros movidos a gás cresceu mais rápido que a capacidade dos postos para atendê-los e, não raro, os motoristas precisam ficar mais de duas horas na fila para abastecer.
O gás é mais barato e menos poluente que os outros combustíveis. Como a adaptação ainda custa caro -cerca de R$ 3.000-, ela compensa para quem usa muito o veículo, como os motoristas de táxi.
Os mais prejudicados com as filas, os taxistas, preparam-se para organizar manifestações caso o problema persista. Natalício Bezerra, presidente licenciado do sindicato dos taxistas, afirma que existem hoje cerca de 6.000 veículos a gás sendo utilizados por taxistas na cidade de São Paulo. Existem 18 postos equipados para atendê-los na capital.
Ele afirmou que antes existiam vantagens para converter os veículos mas que, agora, os taxistas só encontram problemas. "Enfrentamos horas de filas, o preço não é tão bom e não há postos fora de São Paulo", disse.
Clenardo Fonseca, gerente de gás veicular da BR Distribuidora, afirma que o preço do gás ainda é um grande chamariz para os motoristas. "A própria existência de filas comprova isso", diz.
Segundo Fonseca, existem hoje cerca de 90 postos em todo Brasil para atender, segundo suas estimativas, 70 mil veículos. "E o problema com as filas ocorre em quase todas as cidades", diz.
Até no Rio de Janeiro, cidade brasileira com o maior número de postos -46, segundo Fonseca-, as filas persistem.
Em Belo Horizonte, onde existem apenas dois postos, os problemas com as filas, que chegam a atingir 700 metros -120 carros- exigiram a intervenção da empresa que gerencia o trânsito na cidade, a BHTrans.
A BR, que fatura R$ 17 milhões mensalmente com a venda de cerca de 900 mil m3 do combustível, pretende adaptar, em todo o Brasil, mais 80 postos até o final do primeiro semestre de 2001. Com a expansão, a rede da empresa subiria para cem postos.
A expansão da rede de postos, segundo o gerente da BR, depende, no entanto, de acordos com distribuidoras e criação de infra-estrutura, o que, segundo ele, pode ser demorado em alguns casos. Fonseca afirma que o processo de expansão da rede da BR consumirá investimentos de US$ 24 milhões até julho de 2001.
Por enquanto, as filas não desanimaram completamente os motoristas brasileiros. A Caixa Econômica Federal, que tem linha de crédito subsidiada para financiar a conversão para taxistas, fechou, apenas este ano, 14.235 contratos.
Esses contratos já consumiram, segundo Mário Ferreira Neto, superintendente da Caixa Econômica Federal, R$ 33 milhões.
O programa concede financiamento de 24 meses a uma taxa média de 14,25% ao ano.


Colaborou a Agência Folha


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