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"Candidatos normalizarão mercado"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo espera a normalização do mercado financeiro somente após uma maior definição
do quadro eleitoral. Rubens Sardenberg, secretário-adjunto do
Tesouro Nacional, disse que não é
possível fazer uma previsão, mas
"depende de uma definição clara
por parte dos candidatos sobre a
dívida".
Segundo ele, há receio dos investidores em comprar papéis de
prazo mais longo. "Claramente o
mercado está receoso de comprar
papéis com vencimento em 2003,
porque existe uma diferença entre
o risco Fernando Henrique e o risco sucessor", disse ele.
Mesmo com as declarações dos
presidenciáveis de que vão manter as metas fiscais e respeitar os
contratos em vigor, o mercado
ainda não está convencido disso.
Sardenberg avalia que esse cenário vai mudar nos próximos meses. "À medida que a eleição se
afunila e se tem uma maior definição dos candidatos e maior clareza sobre suas posições, o mercado
vai se acomodar", disse.
Para ele, as turbulências aconteceram antes do que o governo
previa. "Não sei analisar o motivo, mas o fato é que tudo começou antes do que se imaginava.
Esperava-se que as turbulências
começassem após o início da propaganda eleitoral", afirmou. Essa
antecipação, segundo ele, poderá
até ser positiva.
"A turbulência começou antes
do período eleitoral. Neste ano,
essas discussões [econômicas" foram mais precoces. Isso vai antecipar decisões e pode ser uma coisa boa. Os candidatos estão sendo
mais cobrados", disse o secretário.
Assim como fez no primeiro semestre, disse ele, o governo poderá voltar a oferecer títulos de prazo mais curto para atender ao
mercado. Além disso, o governo
poderá usar recursos que tem em
caixa -de R$ 60 bilhões- para
resgatar títulos públicos.
"Constituímos uma posição
bastante forte de caixa no ano
passado para rolagem de dívida.
Temos hoje R$ 60 bilhões depositados na conta do Tesouro", disse
Sardenberg.
No início do mês eram cerca de
R$ 70 bilhões. Como o governo já
teve de resgatar R$ 9 bilhões em
títulos, o valor caiu. Segundo ele,
tudo que havia para ser pago neste mês já foi quitado, e o Tesouro
está disposto a fechar o mês tendo
ofertado algo entre R$ 2,5 bilhões
e R$ 3 bilhões em títulos ao mercado.
Até ontem, foram ofertados R$
500 milhões. É pouco comparado
com a média mensal de ofertas,
que normalmente se situa entre
R$ 9 bilhões e R$ 10 bilhões.
(FLÁVIA SANCHES E MARIANA MAINENTI)
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