São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 2002

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"Candidatos normalizarão mercado"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo espera a normalização do mercado financeiro somente após uma maior definição do quadro eleitoral. Rubens Sardenberg, secretário-adjunto do Tesouro Nacional, disse que não é possível fazer uma previsão, mas "depende de uma definição clara por parte dos candidatos sobre a dívida".
Segundo ele, há receio dos investidores em comprar papéis de prazo mais longo. "Claramente o mercado está receoso de comprar papéis com vencimento em 2003, porque existe uma diferença entre o risco Fernando Henrique e o risco sucessor", disse ele.
Mesmo com as declarações dos presidenciáveis de que vão manter as metas fiscais e respeitar os contratos em vigor, o mercado ainda não está convencido disso. Sardenberg avalia que esse cenário vai mudar nos próximos meses. "À medida que a eleição se afunila e se tem uma maior definição dos candidatos e maior clareza sobre suas posições, o mercado vai se acomodar", disse.
Para ele, as turbulências aconteceram antes do que o governo previa. "Não sei analisar o motivo, mas o fato é que tudo começou antes do que se imaginava. Esperava-se que as turbulências começassem após o início da propaganda eleitoral", afirmou. Essa antecipação, segundo ele, poderá até ser positiva.
"A turbulência começou antes do período eleitoral. Neste ano, essas discussões [econômicas" foram mais precoces. Isso vai antecipar decisões e pode ser uma coisa boa. Os candidatos estão sendo mais cobrados", disse o secretário.
Assim como fez no primeiro semestre, disse ele, o governo poderá voltar a oferecer títulos de prazo mais curto para atender ao mercado. Além disso, o governo poderá usar recursos que tem em caixa -de R$ 60 bilhões- para resgatar títulos públicos.
"Constituímos uma posição bastante forte de caixa no ano passado para rolagem de dívida. Temos hoje R$ 60 bilhões depositados na conta do Tesouro", disse Sardenberg.
No início do mês eram cerca de R$ 70 bilhões. Como o governo já teve de resgatar R$ 9 bilhões em títulos, o valor caiu. Segundo ele, tudo que havia para ser pago neste mês já foi quitado, e o Tesouro está disposto a fechar o mês tendo ofertado algo entre R$ 2,5 bilhões e R$ 3 bilhões em títulos ao mercado.
Até ontem, foram ofertados R$ 500 milhões. É pouco comparado com a média mensal de ofertas, que normalmente se situa entre R$ 9 bilhões e R$ 10 bilhões. (FLÁVIA SANCHES E MARIANA MAINENTI)

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