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Estratégia visa a recuperar confiança em título
DA REPORTAGEM LOCAL
Recuperar a confiança nos títulos da dívida pública interna e,
por tabela, nos fundos de investimento. São esses os objetivos das
políticas anunciadas ontem pelo
Banco Central.
O governo decidiu recomprar
R$ 11 bilhões em títulos que, na
prática, estavam inundando um
mercado que não os queria. As
dúvidas acerca da política do próximo governo em relação à dívida
pública destruíram a confiança
nos títulos com vencimento após
as eleições. Desconfiança que se
expressa no valor desses papéis:
os que venciam ao longo de 2003
eram negociados ontem com deságio de 2,5% a 2,7%, os de 2002,
com deságio de 0,4%.
Como os papéis fazem parte do
patrimônio dos fundos de investimento, a queda do valor abatia
sua rentabilidade.
Para não inundar o mercado interno com R$ 11 bilhões, o BC diminuiu a capacidade dos bancos
de fazer empréstimos, aumentando os depósitos compulsórios.
"Deu com uma mão e tirou com a
outra", explica Gustavo Loyola,
ex-presidente do Banco Central e
consultor da Tendências.
As medidas de ontem não devem ter efeitos imediatos sobre a
atividade econômica. Se por um
lado o aumento do compulsório
diminuiu a já escassa oferta de
crédito, por outro o BC jogará R$
11 bilhões nas mãos de quem quiser vender os títulos.
Na prática, o governo tenta apenas criar um novo mercado para
os títulos e evitar que eles se desvalorizem. Para isso, terá que
comprar papéis com prazo longo
e oferecer no lugar outros vencendo antes das eleições.
"Essa é uma estratégia inevitável se você quiser criar confiança
entre os investidores", explica Loyola. Isso implica uma mudança
da composição da dívida: os prazos serão muito menores e o governo terá que rolar a dívida muito mais vezes.
Para uma série de analistas, isso
não seria um problema tão grave:
assim que as incertezas passarem,
os prazos poderiam ser realongados. "Se você achar que o fim do
mundo é amanhã, isso é preocupante, mas, se a situação for passageira, não há motivos para temer", explica Loyola.
(JOSÉ ALAN DIAS E MARCELO BILLI)
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