São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 2002

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Estratégia visa a recuperar confiança em título

DA REPORTAGEM LOCAL

Recuperar a confiança nos títulos da dívida pública interna e, por tabela, nos fundos de investimento. São esses os objetivos das políticas anunciadas ontem pelo Banco Central.
O governo decidiu recomprar R$ 11 bilhões em títulos que, na prática, estavam inundando um mercado que não os queria. As dúvidas acerca da política do próximo governo em relação à dívida pública destruíram a confiança nos títulos com vencimento após as eleições. Desconfiança que se expressa no valor desses papéis: os que venciam ao longo de 2003 eram negociados ontem com deságio de 2,5% a 2,7%, os de 2002, com deságio de 0,4%.
Como os papéis fazem parte do patrimônio dos fundos de investimento, a queda do valor abatia sua rentabilidade.
Para não inundar o mercado interno com R$ 11 bilhões, o BC diminuiu a capacidade dos bancos de fazer empréstimos, aumentando os depósitos compulsórios. "Deu com uma mão e tirou com a outra", explica Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central e consultor da Tendências.
As medidas de ontem não devem ter efeitos imediatos sobre a atividade econômica. Se por um lado o aumento do compulsório diminuiu a já escassa oferta de crédito, por outro o BC jogará R$ 11 bilhões nas mãos de quem quiser vender os títulos.
Na prática, o governo tenta apenas criar um novo mercado para os títulos e evitar que eles se desvalorizem. Para isso, terá que comprar papéis com prazo longo e oferecer no lugar outros vencendo antes das eleições.
"Essa é uma estratégia inevitável se você quiser criar confiança entre os investidores", explica Loyola. Isso implica uma mudança da composição da dívida: os prazos serão muito menores e o governo terá que rolar a dívida muito mais vezes.
Para uma série de analistas, isso não seria um problema tão grave: assim que as incertezas passarem, os prazos poderiam ser realongados. "Se você achar que o fim do mundo é amanhã, isso é preocupante, mas, se a situação for passageira, não há motivos para temer", explica Loyola. (JOSÉ ALAN DIAS E MARCELO BILLI)

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