São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 2002

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Agência vê chances de moratória da dívida externa do país em 2003

DE NOVA YORK

As chances de o Brasil decretar a moratória de sua dívida externa até o fim deste ano são muito baixas, mas os riscos de isso acontecer aumentam consideravelmente no ano que vem. A opinião é da agência de classificação de risco Fitch Ratings.
Para a agência, as reservas em dinheiro do país e o recente pacote de ajuda financeira fornecido pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) sinalizam que o Brasil não enfrentará problemas de pagamentos de dívida neste ano.
"A probabilidade de o Brasil declarar moratória até o fim de 2002 é de uma em dez", afirmou ontem de manhã David Riley, diretor para risco soberano da Fitch, numa teleconferência sobre o país voltada para investidores estrangeiros, em Nova York.
"Já a longo prazo, afirmaria que as chances de reestruturação da dívida ou de moratória são maiores, entre 30% e 40%", afirmou ele. O economista esteve no Brasil na semana passada para analisar o mercado e estudar a possibilidade de mudar a classificação para a dívida brasileira.
No começo do mês, a Fitch manteve a classificação soberana do Brasil como "B+", mas passou para "viés negativo", recomendação que decidiu manter mesmo depois da viagem. "Ainda é cedo para mudar", justificou-se Riley, que não descartou a possibilidade de novo rebaixamento.
Para ele, isso aconteceria caso aumentem as evidências de uma crescente fuga de capital, saques de depósitos bancários e diminuição das reservas em razão das intervenções do Banco Central.
Para a agência, no entanto, pior do que a moratória é a dificuldade das empresas brasileiras rolarem as dívidas e conseguirem novos financiamentos.
"O Brasil perdeu a oportunidade de aumentar sua participação no comércio internacional", disse Roger Scher, diretor para risco soberano da América Latina, que também participou do encontro.

Eleições
Para os dois diretores, apesar de o candidato governista estar em terceiro lugar nas pesquisas, José Serra poderá crescer com o início da campanha eleitoral na TV e o apoio da máquina do governo federal. "Três candidatos ainda estão na disputa", disse Scher.
Ambos ressaltaram que nem Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nem Ciro Gomes (PPS-PTB-PDT), que lideram a corrida, manifestaram de forma convincente apoio ao empréstimo do FMI, o que pode assustar mais o mercado. "Ainda existe incerteza sobre a política monetária do próximo governo", disse Riley.
(SÉRGIO DÁVILA)


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