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Agência vê chances de moratória da dívida externa do país em 2003
DE NOVA YORK
As chances de o Brasil decretar
a moratória de sua dívida externa
até o fim deste ano são muito baixas, mas os riscos de isso acontecer aumentam consideravelmente no ano que vem. A opinião é da
agência de classificação de risco
Fitch Ratings.
Para a agência, as reservas em
dinheiro do país e o recente pacote de ajuda financeira fornecido
pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) sinalizam que o Brasil não enfrentará problemas de
pagamentos de dívida neste ano.
"A probabilidade de o Brasil declarar moratória até o fim de 2002
é de uma em dez", afirmou ontem
de manhã David Riley, diretor para risco soberano da Fitch, numa
teleconferência sobre o país voltada para investidores estrangeiros,
em Nova York.
"Já a longo prazo, afirmaria que
as chances de reestruturação da
dívida ou de moratória são maiores, entre 30% e 40%", afirmou
ele. O economista esteve no Brasil
na semana passada para analisar
o mercado e estudar a possibilidade de mudar a classificação para a
dívida brasileira.
No começo do mês, a Fitch
manteve a classificação soberana
do Brasil como "B+", mas passou
para "viés negativo", recomendação que decidiu manter mesmo
depois da viagem. "Ainda é cedo
para mudar", justificou-se Riley,
que não descartou a possibilidade
de novo rebaixamento.
Para ele, isso aconteceria caso
aumentem as evidências de uma
crescente fuga de capital, saques
de depósitos bancários e diminuição das reservas em razão das intervenções do Banco Central.
Para a agência, no entanto, pior
do que a moratória é a dificuldade
das empresas brasileiras rolarem
as dívidas e conseguirem novos financiamentos.
"O Brasil perdeu a oportunidade de aumentar sua participação
no comércio internacional", disse
Roger Scher, diretor para risco soberano da América Latina, que
também participou do encontro.
Eleições
Para os dois diretores, apesar de
o candidato governista estar em
terceiro lugar nas pesquisas, José
Serra poderá crescer com o início
da campanha eleitoral na TV e o
apoio da máquina do governo federal. "Três candidatos ainda estão na disputa", disse Scher.
Ambos ressaltaram que nem
Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
nem Ciro Gomes (PPS-PTB-PDT), que lideram a corrida, manifestaram de forma convincente apoio ao empréstimo do FMI, o que pode assustar mais o mercado. "Ainda existe incerteza sobre a política monetária do próximo
governo", disse Riley. (SÉRGIO DÁVILA)
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