São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 2002

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CRÉDITO

Verba deve ser liberada nas "próximas semanas"; se necessário, será usado mais US$ 1 bilhão do BID até o fim do ano

BNDES vai liberar US$ 1 bi para exportador

CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O BNDES vai ampliar em US$ 1 bilhão, nas próximas semanas, seus recursos para financiar as exportações e, com isso, atender os pedidos de empréstimos que têm sido recusados pelo mercado devido à escassez de dólares e à crise de confiança no país.
Até o fim do ano, o banco vai receber mais US$ 1 bilhão do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), que também poderá beneficiar as exportações. O reforço de recursos para financiar as exportações foi anunciado ontem pelo ministro do Desenvolvimento, Sergio Amaral.
Os US$ 2 bilhões que vão reforçar as linhas de crédito do BNDES serão utilizados para aliviar a falta de dinheiro das últimas semanas. Segundo Amaral, os R$ 16 bilhões disponíveis no mercado em bancos comerciais para financiar as exportações foram reduzidos a cerca de R$ 13 bilhões.
"Não houve corte de linhas de crédito, os bancos é que não estão renovando todos os seus empréstimos. Mas esperamos que a situação se normalize nas próximas semanas", disse Amaral.
O Banco Central também vai reforçar os recursos para exportadores. Parte das reservas em dólares do país será utilizada para oferecer empréstimos, mas o valor ainda não foi divulgado.
Segundo Amaral, além dos empréstimos e das captações feitas pelo BNDES em dólar, o banco também vai reforçar os recursos em reais disponíveis para as empresas exportadoras.
No mês passado, o banco aumentou de 25% para 35% a fatia do orçamento anual de R$ 28 bilhões para financiar exportações. Amaral disse que o BNDES vai obter mais recursos para emprestar às empresas exportadoras como capital de giro. Ele não revelou de quanto será o reforço e que setores do banco sofrerão cortes.
Parte do dinheiro que vai entrar no caixa do BNDES nas próximas semanas virá de empréstimos de US$ 400 milhões que o banco está concluindo com agentes financeiros asiáticos e europeus.
O BNDES também vai adiantar US$ 450 milhões de um empréstimo de US$ 900 milhões, acertado com o BID no mês passado. Além disso, o banco desembolsará mais US$ 140 milhões de um antigo empréstimo a ser sacado nos próximos dias.
Somados esses recursos, o governo terá nas próximas semanas US$ 990 milhões para emprestar às empresas que estão encontrando as portas fechadas nos bancos.
Segundo Amaral, a utilização dos empréstimos do BID para financiar as exportações não vai prejudicar projetos sociais.
"O dinheiro que vem do BID não é carimbado, e o BNDES não vai deixar de atender a nenhuma área, o que está acontecendo é um adiantamento, porque o banco vai continuar captando recursos no exterior", disse.
O presidente do BNDES, Eleazar de Carvalho, confirmou que as linhas de crédito para os exportadores serão abertas nas próximas semanas, mas não deu data para isso.
Amaral disse ainda que o empréstimo de US$ 1 bilhão do BID, que será liberado até o fim do ano, só será destinado ao financiamento das exportações brasileiras se for necessário. Esse dinheiro faz parte de um pacote de empréstimo de US$ 7 bilhões, do BID e do Banco Mundial, anunciados na semana passada.
Amaral não descartou a possibilidade de o governo aumentar o orçamento do Proex, mas disse que ainda não há decisão sobre esse ponto.


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