São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 2002

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Em mais um dia de alta, dólar fecha a R$ 3,205

ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL

O dólar fechou em alta ontem pelo quarto pregão consecutivo. A moeda norte-americana teve valorização de 1,1% e encerrou o dia valendo R$ 3,205. Desde sexta-feira a alta acumulada é de 6,13%.
As alterações na marcação a mercado dos fundos cambiais e a elevação dos depósitos compulsórios dos bancos para depósitos em poupança, à vista e a prazo foram anunciadas na noite de ontem, com o pregão fechado. Com menos dinheiro disponível, teoricamente, diminuiu o poder de fogo dos bancos para especular com a cotação da moeda dos Estados Unidos.
Mais uma vez houve rumores no mercado de que o Banco Central teria comprado C-Bonds, títulos da dívida externa brasileira. Os papéis encerraram o dia ontem valorizados em 3,14%.
O risco-país, calculado pelo banco JP Morgan, fechou em baixa de 5,15%, em 2.159 pontos.
O BC confirmou que vendeu dólares ao mercado ontem, sem revelar a quantidade. Na terça-feira, ele não teria atuado.

Títulos cambiais
O dia no mercado cambial foi marcado pelo fracasso do BC na tentativa de prosseguir com a rolagem dos US$ 2,5 bilhões em títulos cambiais que vencem hoje. Faltam ser rolados cerca de US$ 800 milhões do lote total.
Segundo o diretor de Política Monetária do BC, Luiz Fernando Figueiredo, assim como no mês passado, não houve a rolagem integral dos papéis devido à falta de demanda do mercado por "hedge" cambial.
O dólar ficou pressionado pela operação ontem porque, como o vencimento dos títulos é hoje, houve um movimento de tesourarias de bancos para adequar a seus interesses o Ptax (preço médio do dólar medido pelo BC diariamente) de ontem, que baliza os vencimentos dos papéis hoje.
Os títulos cambiais pagam uma taxa de juros mais a variação do dólar em determinado período. Quanto maior o valor do dólar e, consequentemente do Ptax, maior a diferença a ser recebida pelos investidores. Dessa forma, a eles interessava um dólar mais alto ontem. Analistas destacam que, apesar de oscilar forte, entre uma queda de 0,85% e uma alta de 1,89%, rapidamente o dólar voltava aos R$ 3,20, que parecia ser a cotação mais adequada aos interesses dos investidores.
Já havia a expectativa no mercado ontem de que o dólar começasse a ceder, com a passagem do dia dos vencimentos dos títulos cambiais.
Analistas classificaram como positiva a informação de que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) vai liberar, na próxima semana, cerca de US$ 1 bilhão para financiar as exportações.
"Mas [o dólar] irá reagir de fato apenas quando esse dinheiro realmente entrar no mercado", avalia Wilson Ramião, economista do banco do Lloyds TSB.


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