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Juramento de diretores anima Bolsas
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Declarações com assinaturas de
nomes tão conhecidos quanto os
de Steve Jobs, da Apple, e Jeff Bezos, da Amazon, começaram a
inundar os escritórios da SEC (Securities and Exchange Commission) já no começo da semana.
Ontem, porém, vencia o prazo
dado pelo órgão regulador do
mercado de capitais para que 695
das 942 empresas norte-americanas atingidas pelas novas normas
do governo entregassem seus relatórios contábeis. Agora, pela
primeira vez, os documentos deveriam vir com a assinatura obrigatória tanto do diretor executivo
quanto do diretor financeiro.
O resultado é que houve uma
avalanche de papéis na sede nova-iorquina da SEC, avalanche esta
que levantou as Bolsas de Valores
do país e arrancou do secretário
do Tesouro norte-americano,
Paul O'Neill, a seguinte declaração: "A honestidade nos negócios
é o novo patriotismo".
Até a conclusão desta edição, o
número mais recente dava conta
de que pelo menos 500 empresas
cumpriram o prazo do governo, o
que criou no mercado o que estava sendo chamado de "nova onda
de confiança" e fez com que o
Dow Jones decolasse e fechasse
com alta de três dígitos pela primeira vez na semana. O índice ganhou 260 pontos, ou 3,08%.
O alto número levou o presidente George W. Bush a se manifestar em Milwaukee, onde dava
uma palestra na Universidade do
Wisconsin: "A vasta maioria daqueles que comandam a América
corporativa é composta de gente
boa e honrada. Não vamos deixar
que alguns poucos arruinem a reputação de muitos".
Nova regra
A nova regra foi uma das mais
polêmicas criadas pelo governo
norte-americano depois da onda
de escândalos contábeis protagonizados por grandes empresas
que atingiu a economia do país
nos últimos meses .
Ao exigir que os dois principais
executivos de uma companhia jurem por escrito a veracidade das
informações de seus balanços
contábeis, a SEC personifica a culpa, fazendo com que a pessoa física seja responsabilizada, o que
não acontecia antes. Por causa
disso, muitos diretores resistiam a
respeitar a norma.
Ao alterar resultados e superfaturar números, diretores e responsáveis pela área financeira de
uma empresa podem se beneficiar por meio de bônus salariais,
participações nos lucros e ganhos
nas ações, que normalmente aumentam com o suposto bom desempenho da empresa.
A regra deve virar lei nas próximas semanas e abranger a partir
do ano que vem todas as 14 mil
empresas que são vigiadas pela
SEC por ter suas ações negociadas
nas Bolsas. A pena para quem tiver jurado em falso pode chegar a
20 anos de prisão.
Algumas empresas que não seguem o calendário do ano fiscal
norte-americano poderão entregar seus balanços até dezembro e
algumas exceções foram abertas
ontem para outras companhias,
que ganharam mais cinco dias.
Algumas delas já avisaram, porém, que não conseguirão cumprir o prazo. É o caso da tele
WorldCom, que teve de refazer
seus balanços depois que auditores descobriram uma diferença de
US$ 7,6 bilhões em sua contabilidade há algumas semanas.
Apesar de a maioria das empresas ter cumprido o prazo de ontem, alguns advogados de executivos aconselharam seus clientes a
acrescentar a frase "até onde eu
sei" ("to the best of my knowledge", no original em inglês) antes
de assinarem os documentos exigidos pela SEC.
A atitude, se não os exime de
culpa caso os balanços contenham fraude, pelo menos pode
ajudar a ganhar mais tempo nos tribunais.
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