São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 2002

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TRABALHO

Mês passado foi o pior julho em cinco anos para o emprego industrial em SP; setor fechou 1,58% de seus postos de trabalho

Indústria fecha 25 mil vagas em 7 meses

DA REPORTAGEM LOCAL

O nível de emprego na indústria paulista caiu 0,52% no mês passado. Foi o pior resultado para o mês de julho dos últimos cinco anos. Ao contrário dos anos de 2000 e 2001, quando o emprego cresceu, ainda que pouco, nos sete primeiros meses do ano, as demissões na indústria já levaram a uma redução de 25.056 vagas -ou 1,58%- no setor em 2002.
"O resultado mostra que o cenário econômico está muito ruim. Deveríamos estar no pico da produção", afirma Clarice Messer, diretora da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que divulgou ontem os resultados da pesquisa de nível de emprego industrial da instituição.
A Fiesp faz a pesquisa com 47 sindicatos patronais de vários setores da indústria. Até o mês passado, havia equilíbrio entre o número de sindicatos que declaravam ter reduzido o nível de emprego e aqueles que afirmavam tê-lo mantido ou aumentado.
Em julho, quando 25 sindicatos registraram queda no emprego, setores importantes passaram a ter resultado negativo. No setor de mecânica, no qual o nível de emprego havia subido 0,47% de janeiro a junho, as demissões de julho inverteram o quadro: o setor já acumula queda de 0,59%. O mesmo ocorreu com os setores de material plástico e de vestuário.
O resultado de julho, quando mais de 8.000 vagas foram eliminadas, foi o segundo pior dos últimos 24 meses. Ele só é superado pelo de agosto de 2001, quando as indústrias ajustavam a produção aos diversos choques econômicos que sofriam: crise na Argentina, racionamento, aumento de custos com a alta da contribuição das empresas para o FGTS.
A expectativa da Fiesp é que o quadro se mantenha ou piore neste mês. "As encomendas estão fracas e as indústrias já têm muito estoque", diz Clarice.
Na sua avaliação, as indústrias começarão a se ajustar aos altos estoques, que têm um custo elevado para as empresas. "Ninguém vai se aventurar a continuar produzindo ou a aumentar a produção esperando uma recuperação no final do ano", diz Clarice. Com o ajuste, é muito provável que as empresas recorram a mais demissões para reduzir custos.
Segundo Clarice, além dos altos estoques, há pouca oferta de crédito e as empresas preferem ficar líquidas, ou seja, preferem segurar seus recursos a investi-los na produção e correr o risco de perder dinheiro. "Não há perspectiva clara de futuro e empresário só emprega quando ele tem perspectiva de crescimento", diz.


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