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TRABALHO
Mês passado foi o pior julho em cinco anos para o emprego industrial em SP; setor fechou 1,58% de seus postos de trabalho
Indústria fecha 25 mil vagas em 7 meses
DA REPORTAGEM LOCAL
O nível de emprego na indústria paulista caiu 0,52% no mês passado. Foi o pior resultado para o mês de julho dos últimos cinco anos. Ao contrário dos anos de
2000 e 2001, quando o emprego cresceu, ainda que pouco, nos sete primeiros meses do ano, as demissões na indústria já levaram a uma redução de 25.056 vagas
-ou 1,58%- no setor em 2002.
"O resultado mostra que o cenário econômico está muito ruim. Deveríamos estar no pico da produção", afirma Clarice Messer, diretora da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo),
que divulgou ontem os resultados
da pesquisa de nível de emprego
industrial da instituição.
A Fiesp faz a pesquisa com 47
sindicatos patronais de vários setores da indústria. Até o mês passado, havia equilíbrio entre o número de sindicatos que declaravam ter reduzido o nível de emprego e aqueles que afirmavam
tê-lo mantido ou aumentado.
Em julho, quando 25 sindicatos
registraram queda no emprego,
setores importantes passaram a
ter resultado negativo. No setor
de mecânica, no qual o nível de
emprego havia subido 0,47% de
janeiro a junho, as demissões de
julho inverteram o quadro: o setor já acumula queda de 0,59%. O
mesmo ocorreu com os setores de
material plástico e de vestuário.
O resultado de julho, quando
mais de 8.000 vagas foram eliminadas, foi o segundo pior dos últimos 24 meses. Ele só é superado
pelo de agosto de 2001, quando as
indústrias ajustavam a produção
aos diversos choques econômicos
que sofriam: crise na Argentina,
racionamento, aumento de custos
com a alta da contribuição das
empresas para o FGTS.
A expectativa da Fiesp é que o
quadro se mantenha ou piore
neste mês. "As encomendas estão
fracas e as indústrias já têm muito
estoque", diz Clarice.
Na sua avaliação, as indústrias
começarão a se ajustar aos altos
estoques, que têm um custo elevado para as empresas. "Ninguém
vai se aventurar a continuar produzindo ou a aumentar a produção esperando uma recuperação
no final do ano", diz Clarice. Com
o ajuste, é muito provável que as
empresas recorram a mais demissões para reduzir custos.
Segundo Clarice, além dos altos
estoques, há pouca oferta de crédito e as empresas preferem ficar
líquidas, ou seja, preferem segurar seus recursos a investi-los na
produção e correr o risco de perder dinheiro. "Não há perspectiva
clara de futuro e empresário só emprega quando ele tem perspectiva de crescimento", diz.
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