São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 2002

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SALTO NO ESCURO

Com falta de chuva, nível de reservatórios do Sudeste diminui

Cresce risco de novo racionamento

MARIA TERESA MORAES
DA FOLHA VALE

CAROLINA FARIAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA VALE

Se nos próximos 75 dias a região Sudeste não receber cerca de 500 mm de chuva, pode haver um novo período de racionamento de energia, conforme previsão do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). Seis meses após o final do racionamento, o nível de armazenamento de água nos reservatórios que abastecem as usinas da região Sudeste estão com 59,93% de sua capacidade.
Os 500 mm representam a precipitação média de dois meses de janeiro no Vale do Paraíba. A assessoria do ONS informou que o órgão considera prematuro tomar qualquer providência no momento porque ainda não há garantias de que não vá chover. Mas, segundo o ONS, um plano de emergência pode ser aplicado caso os níveis dos reservatórios das quatro maiores bacias que abastecem a região caiam a 36%.
O período de racionamento imposto pelo governo no ano passado durou nove meses.
No Vale do Paraíba, onde a chuva não atinge a média histórica desde maio de 2001, a Light já reduziu a geração na bacia do rio Paraíba do Sul. Segundo comunicado do gerente de usinas elevatórias da Light, Márcio Monteleone Enne, já está sendo preciso tomar medidas extraordinárias, como buscar energia de outras regiões. "Estamos economizando a água da bacia para recuperar os reservatórios", afirmou.
As bacias dos rios Paranaíba, Grande e Paranapanema são responsáveis por 61% da capacidade de armazenamento do país.
O coordenador de estudos e previsões do clima do Cptec (Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos), José Antônio Marengo, afirmou que os níveis dos reservatórios podem baixar ainda mais não apenas pela falta de chuvas, mas também pelo aumento no consumo.
Segundo o Cptec, há 40 anos não faz um inverno tão quente no Sudeste. "No ano passado, quando o índice de precipitação foi baixo, houve o racionamento, com diminuição do uso dos reservatórios. Neste ano, as chuvas foram suficientes para repor as perdas, mas o consumo voltou ao normal", afirmou o pesquisador.
Segundo Marengo, o Cptec pode somente fazer previsões até outubro. Até lá, a chuva deve ficar na média histórica.


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