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CONSUMO
Para aquisição de veículos, queda é de 48 para 24 meses, em média
Prazo para financiamento cai 50%
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Além de pagar mais caro pelo
crédito, o consumidor vai ter de
enfrentar a partir deste mês a redução pela metade nos prazos de
financiamento das lojas e das financeiras -consequência da escassez de reais na economia por
conta da corrida ao dólar.
O financiamento de automóveis, que chegava a 48 meses, vai
ficar em 24 meses, em média. O
crédito pessoal (quando o cliente
empresta dinheiro do banco para
comprar um bem) e o crediário
de lojas caem de 12 para 6 meses.
"O efeito é de dominó. O crédito
ficou mais difícil para o Brasil lá
fora, o que reflete nos bancos, nas
financeiras e nas lojas. O jeito é
apertar o prazo para ter retorno
mais rápido do dinheiro que sobrou no mercado", diz José Arthur Assunção, vice-presidente da
Acrefi, associação das financeiras.
A Casas Bahia, uma das redes
que mais chama a atenção dos
consumidores ao oferecer crédito
longo, decidiu neste mês atrair o
cliente para os planos menores,
de 6 meses. "Mas, se a opção do
freguês for pelo crediário de 15
meses, nós também vendemos",
afirma Michael Klein, diretor.
Com o crédito mais escasso e,
como consequência, mais caro, o
próprio consumidor,diz, já prefere comprar em prazos mais curtos. É o que constata também o
Magazine Luiza, a Lojas Cem e o
banco Cacique, que administra o
crediário de 1.200 redes no país.
O plano médio escolhido pelos
consumidores do banco Cacique,
que era de 8,15 parcelas, em julho,
já caiu para 7,82 parcelas neste
mês. A previsão do banco é que
reduza mais até o final do mês.
Os setores mais afetados com
esse corte nos prazos para os consumidores serão os mais dependentes de financiamento, como
eletroeletrônicos e veículos. "O
pior é que esses dois setores carregam parte da economia. Se eles
vão mal, o ritmo de atividade do
país vai mal", afirma Fernando
Sarti, economista da Unicamp.
A redução dos prazos de financiamento e a elevação dos juros
(em torno de 0,40 ponto percentual ao mês para o consumidor)
preocupa a Eletros, associação da
indústria eletroeletrônica. Os fabricantes, que previam antes crescimento de 6,8% para o setor neste ano, falam agora em algo próximo de 1% a 1,5%.
"Se o dólar se mantiver elevado,
o crédito caro e os prazos curtos,
as fábricas não descartam a possibilidade de parar a produção bem
quando deveriam estar trabalhando em ritmo mais acelerado
para o final do ano", afirma Paulo
Saab, presidente da Eletros.
Arthur Assunção, da Acrefi, diz
que em julho -pela primeira vez
desde dezembro de 99- caiu o
volume de financiamento para
veículos, crediário de lojas e crédito pessoal -de R$ 60,2 bilhões
em junho para R$ 59,6 bilhões em
julho. "Parece pouco, mas em julho houve inversão da tendência
de alta nos empréstimos. Se essa
crise persistir, a queda nos volume de financiamento será maior."
Ruim para o país, diz, que precisa de crédito para crescer.
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