São Paulo, domingo, 15 de agosto de 2004

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RETOMADA/BALANÇO

Com exportação e melhora nas vendas internas, resultado de 102 companhias no 2º trimestre atinge R$ 103,6 bi

Receita de empresas é a maior da história

ADRIANA MATTOS
FABRICIO VIEIRA

DA REPORTAGEM LOCAL

Em três meses, de abril a junho, a receita líquida das empresas no país atingiu R$ 103,6 bilhões e se tornou o melhor resultado da história do setor de capital aberto no Brasil. Até então, o recorde havia sido registrado no último trimestre do ano passado -com um volume de R$ 97,2 bilhões.
No primeiro semestre, a receita líquida operacional somou R$ 196,7 bilhões -valor recorde para um semestre e equivalente a 13% do PIB nacional.
Os dados fazem parte de levantamento da Folha, com base em 102 balanços financeiros disponíveis. Petrobras e Eletrobrás não participaram do estudo para não distorcer a amostra. Existem 287 empresas abertas atualmente no país -sem considerar as instituições financeiras.
A manutenção de patamares elevados de venda ao exterior, a melhora na demanda por mercadorias no mercado interno e a queda no custo de produção explicam, em parte, esse resultado. A política de reajustes nos preços ao mercado -o que evitou perdas nas margens- também ajudou um grupo de companhias.
Na Gerdau, por exemplo, a margem (bruta) passou de 24,4% no primeiro trimestre para 35,2% no segundo trimestre. O faturamento com exportações cresceu. Na área petroquímica, as exportações (em dólares) da Braskem subiram 11% no primeiro semestre do ano, ante 2003. A margem aumentou em quatro pontos.
Ainda há casos semelhantes no setor de alimentos, com a Sadia e a Perdigão, e em papel e celulose.
"No caso do setor de siderurgia, além de ele ter se beneficiado das exportações, também houve ganhos no mercado interno, com demanda mais forte e reajuste de preços. No segundo semestre, o setor vai se sair ainda melhor", afirma Catarina Pedrosa, analista da Banif Investment Banking.
No estudo da Folha, fizeram parte apenas os grupos privados que publicaram os números em todos os últimos oito trimestres. Portanto, números de novatas como Natura e Gol, com desempenhos positivos, não foram contabilizados. Os resultados foram deflacionados pelo IGP-DI. Para os cálculos, os dados foram captados na consultoria Economática.
Com maiores preços e menores custos, o lucro foi às alturas. Nos dados publicados pelos grupos até a última quarta-feira, o balanço geral mostrava queda no volume total no primeiro semestre sobre 2003. Porém, durante a semana mais empresas apresentaram resultados, e o lucro foi recorde.
Pelas contas, mais de 30 empresas abertas registraram, ao final do segundo trimestre deste ano, um resultado no lucro considerado o maior de sua existência.
"Há ganhos de escala e, portanto, na produtividade. Isso tem impacto direto nos resultados", afirma Alexandrino de Alencar, vice-presidente da Braskem.
Somados esses resultados, verifica-se que o lucro total do setor privado no primeiro semestre foi de R$ 12,3 bilhões. O montante mais próximo, porém ainda menor, foi verificado no mesmo período de 2003 (R$ 11,5 bilhões).

Efeito contábil
Ao ser analisado o segundo trimestre, no entanto, o volume é menor do que o do mesmo período do ano passado (veja tabela nesta página). Isso não quer dizer, necessariamente, que elas lucraram menos. O que há aí é um efeito puramente matemático.
A questão é que o dólar sofreu uma valorização (de 6,12%) de abril a junho. Em igual intervalo de 2003, porém, a moeda caiu 15,2%. Com isso, as dívidas dos grupos no exterior subiram neste ano. Esses débitos não foram pagos, pois o vencimento ocorre nos próximos anos, mas existe um efeito contábil nos balanços.

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