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MERCADO FINANCEIRO
Taxa básica está hoje em 22% anuais; Copom anuncia decisão sobre o rumo da Selic na quarta
Juros cairão dois pontos, dizem analistas
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A maioria dos economistas de
bancos e corretoras afirma que o
Banco Central deve cortar dois
pontos percentuais dos juros, menos do que em agosto, quando a
redução de 2,5 pontos percentuais surpreendeu o mercado.
Muitos dos analistas dizem que
há espaço para que a taxa básica
de juros, a Selic, atualmente em
22% anuais, recue tanto quanto
no mês passado.
Mas afirmam considerar menos
provável que o Copom (Comitê
de Política Monetária), que divulga sua decisão na quarta-feira,
volte a cortar os juros mais agressivamente.
Até a semana passada, as opiniões do mercado estavam mais
concentradas em uma aposta de
redução entre 1,5 ponto percentual e 2 pontos percentuais.
Uma pequena parcela de economistas ainda argumenta que 1,5
ponto percentual a menos na Selic
já seria o suficiente.
"A diminuição de dois pontos
percentuais da Selic agora seria
condizente com uma taxa de juros reais de 8% na metade do ano
que vem", diz Hugo Penteado,
economista-chefe do ABN Amro
Asset Management.
Esse cálculo de juros reais considera a taxa do contrato de "swap"
de um ano, dividida pela expectativa de inflação dos próximos 12
meses. A taxa está em 11,38%. Segundo Penteado, essa taxa nunca
foi inferior a 8% no Brasil.
As equipes econômicas do Unibanco e do BankBoston também
afirmam que a decisão do BC deve recair sobre um corte de dois
pontos percentuais, sem viés. A
do Bradesco também tem a mesma expectativa, mas considera "a
possibilidade de redução de até
2,5 pontos percentuais".
Inflação
O que distingue as apostas são
as diferentes projeções de inflação
e de juros reais.
Para alguns, que afirmam que o
BC preferirá um corte mais conservador, a inflação pode voltar a
subir mais do que se espera depois da reunião do Copom desta
semana. Para a maioria, entretanto, apesar do repique de alta em
alguns indicadores de preços, a
inflação não deve preocupar a autoridade monetária.
"Certos índices vieram um pouco mais altos do que a expectativa,
mas há um processo de queda da
inflação", diz Marcos Sudano, diretor de tesouraria proprietária
do Unibanco, que espera queda
de dois pontos percentuais.
"A Selic poderia cair até 2,5 pontos percentuais. A velocidade da
queda é um pouco subjetiva, mas
acho que 1,5 ponto percentual seria muito conservador e deixaria
o mercado um pouco desapontado", afirma.
"Cair mais de 1,5 ponto percentual para quê?", questiona Luiz
Antônio Vaz das Neves diretor de
pesquisas da corretora Planner.
Para ele, a taxa não pode cair
muito, sob o risco de comprometer o processo.
"Se cair dois pontos, sobram
dois para colocar a Selic em 18%
em dezembro. Não acredito que
feche o ano com juros reais abaixo
de 10% [calculados a partir da taxa Selic]. O que importa é a tendência de queda. Não é isso [uma
queda mais forte] que fará os bancos emprestarem mais", afirma
Vaz das Neves.
Cenário externo
A preocupação com o crescimento econômico e a melhora do
cenário externo são outras razões
que alimentam a expectativa de
corte de pelo menos dois pontos
percentuais.
Além da retração do PIB (Produto Interno Bruto) pelo segundo
trimestre consecutivo, a variação
da produção industrial em julho
ficou abaixo das previsões do
mercado.
No cenário externo, cresce a
sensação de que caiu a possibilidade de recessão nos Estados
Unidos. O risco de países emergentes voltou a recuar e as Bolsas
se valorizaram. "O cenário externo tem se mostrado benigno. O
risco global despencou a níveis
históricos", diz Penteado, do ABN
Amro Asset Management.
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