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São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 2003

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MERCADO FINANCEIRO

Taxa básica está hoje em 22% anuais; Copom anuncia decisão sobre o rumo da Selic na quarta

Juros cairão dois pontos, dizem analistas

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A maioria dos economistas de bancos e corretoras afirma que o Banco Central deve cortar dois pontos percentuais dos juros, menos do que em agosto, quando a redução de 2,5 pontos percentuais surpreendeu o mercado.
Muitos dos analistas dizem que há espaço para que a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 22% anuais, recue tanto quanto no mês passado.
Mas afirmam considerar menos provável que o Copom (Comitê de Política Monetária), que divulga sua decisão na quarta-feira, volte a cortar os juros mais agressivamente.
Até a semana passada, as opiniões do mercado estavam mais concentradas em uma aposta de redução entre 1,5 ponto percentual e 2 pontos percentuais.
Uma pequena parcela de economistas ainda argumenta que 1,5 ponto percentual a menos na Selic já seria o suficiente.
"A diminuição de dois pontos percentuais da Selic agora seria condizente com uma taxa de juros reais de 8% na metade do ano que vem", diz Hugo Penteado, economista-chefe do ABN Amro Asset Management.
Esse cálculo de juros reais considera a taxa do contrato de "swap" de um ano, dividida pela expectativa de inflação dos próximos 12 meses. A taxa está em 11,38%. Segundo Penteado, essa taxa nunca foi inferior a 8% no Brasil.
As equipes econômicas do Unibanco e do BankBoston também afirmam que a decisão do BC deve recair sobre um corte de dois pontos percentuais, sem viés. A do Bradesco também tem a mesma expectativa, mas considera "a possibilidade de redução de até 2,5 pontos percentuais".

Inflação
O que distingue as apostas são as diferentes projeções de inflação e de juros reais.
Para alguns, que afirmam que o BC preferirá um corte mais conservador, a inflação pode voltar a subir mais do que se espera depois da reunião do Copom desta semana. Para a maioria, entretanto, apesar do repique de alta em alguns indicadores de preços, a inflação não deve preocupar a autoridade monetária.
"Certos índices vieram um pouco mais altos do que a expectativa, mas há um processo de queda da inflação", diz Marcos Sudano, diretor de tesouraria proprietária do Unibanco, que espera queda de dois pontos percentuais.
"A Selic poderia cair até 2,5 pontos percentuais. A velocidade da queda é um pouco subjetiva, mas acho que 1,5 ponto percentual seria muito conservador e deixaria o mercado um pouco desapontado", afirma.
"Cair mais de 1,5 ponto percentual para quê?", questiona Luiz Antônio Vaz das Neves diretor de pesquisas da corretora Planner.
Para ele, a taxa não pode cair muito, sob o risco de comprometer o processo.
"Se cair dois pontos, sobram dois para colocar a Selic em 18% em dezembro. Não acredito que feche o ano com juros reais abaixo de 10% [calculados a partir da taxa Selic]. O que importa é a tendência de queda. Não é isso [uma queda mais forte] que fará os bancos emprestarem mais", afirma Vaz das Neves.

Cenário externo
A preocupação com o crescimento econômico e a melhora do cenário externo são outras razões que alimentam a expectativa de corte de pelo menos dois pontos percentuais.
Além da retração do PIB (Produto Interno Bruto) pelo segundo trimestre consecutivo, a variação da produção industrial em julho ficou abaixo das previsões do mercado.
No cenário externo, cresce a sensação de que caiu a possibilidade de recessão nos Estados Unidos. O risco de países emergentes voltou a recuar e as Bolsas se valorizaram. "O cenário externo tem se mostrado benigno. O risco global despencou a níveis históricos", diz Penteado, do ABN Amro Asset Management.


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