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PREVISÕES
Em julho, Merrill Lynch assustou investidores ao dizer que em três meses sugeriria a venda de ações no país
Corretora muda análise e recomenda Brasil
LUIZ CINTRA
da Reportagem Local
A corretora norte-americana
Merrill Lynch, que em julho assustou os investidores ao dar um prazo de três meses para começar a
recomendar a venda de papéis brasileiros, mudou de idéia. Passados
os três meses, a recomendação
agora é de compra.
A mudança de rumo na análise
da corretora foi acompanhada por
outros bancos de peso do mercado
financeiro internacional.
Nos últimos dias, além da Merrill
Lynch, bancos de investimentos
como o Morgan Stanley, também
com sede nos EUA, e a Caspian Securities, especializada em mercados emergentes, também passaram a olhar o mercado brasileiro
com bons olhos.
No caso da Merrill Lynch, o
anúncio foi feito pelo estrategista-chefe da corretora, Eduardo
Cabrera, que deixa hoje o Brasil
rumo ao seu escritório em Nova
York, depois de uma viagem de
dois dias e meio ao país.
Em relatório preparado por Cabrera, o analista considera que as
ações negociadas no Brasil devem
continuar sua "trajetória de alta",
depois da turbulência vivida durante os meses de julho e agosto.
Cabrera destaca três fatores que
considera fundamentais na retomada do mercado nacional: a definição das regras de privatização do
Sistema Telebrás, a iminente aprovação da reforma administrativa
pelo Congresso e o bom fluxo de
novos investimentos.
Diante desse cenário, o estrategista da Merrill Lynch conclui: as
Bolsas brasileiras devem continuar subindo e, por isso, é hora de
ampliar a posição do Brasil no
conjunto dos seus investimentos.
A análise, no entanto, vai contra
outra avaliação da instituição norte-americana, realizada no mês de
julho, pouco antes da crise asiática
fazer estragos nas Bolsas brasileiras, assinada pelo mesmo estrategista Eduardo Cabrera.
Naquela ocasião, quando a Tailândia sofreu o primeiro ataque especulativo mais forte, Cabrera foi
dos primeiros analistas internacionais a demonstrar pessimismo
com relação ao Brasil.
Em entrevista a uma rede de TV
brasileira, Cabrera, de Nova York,
disse o que nenhum investidor da
Bolsa gostaria de ouvir: em dois ou
três meses, estaria recomendando
a venda de ações brasileiras. A
principal razão era o real estar vulnerável a um ataque especulativo
semelhante ao da Tailândia.
A entrevista de Cabrera teve forte
impacto entre os investidores e,
coincidência ou não, a partir daí as
cotações foram ladeira abaixo.
Ontem a Folha tentou falar com
Cabrera, mas a assessoria de imprensa da Merrill Lynch no Brasil
informou que não seria possível.
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