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CONSUMO
Em agosto, varejo teve queda de 5,90% em relação a 2002; desemprego e renda menor são os motivos, diz IBGE
Vendas do comércio caem há nove meses
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O volume de vendas do comércio varejista brasileiro medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) registrou,
em agosto, o nono mês consecutivo de queda em relação ao mesmo período do ano anterior.
A queda em agosto foi de 5,90%
-a maior desde maio (6,27%).
Em julho, a queda havia sido de
4,40%. O último resultado positivo foi 0,02%, em novembro do
ano passado.
O grupo dos super e hipermercados, que engloba todos os estabelecimentos que vendem alimentos, bebidas e fumo, respondeu sozinho por 2,65 pontos percentuais na queda das vendas
(44,9% do total). De janeiro a
agosto as vendas caíram 5,49%
em relação ao mesmo período de
2002. No acumulado em 12 meses,
a queda foi de 4,15%.
"Enquanto essa situação de desemprego perdurar e a massa de
rendimentos estiver em queda,
dificilmente o setor comercial vai
retomar o crescimento. Não importa que hoje a taxa de juros esteja menor, que o ambiente econômico esteja mais favorável",
disse o economista Nilo Macedo,
analista da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.
Macedo diz que o ambiente econômico está mais favorável aos
investimentos (juros mais baixos,
câmbio estável, ambiente político
tranquilo e ambiente externo, do
ponto de vista brasileiro, também), mas ressalvou que há uma
demora entre a melhoria do cenário e os seus reflexos no consumo.
Ele avalia que o consumidor está endividado e que eventuais melhorias na renda estão sendo utilizadas para pagar dívidas e limpar
o nome, até para poder contrair
novas dívidas nas compras de final de ano.
Diante desse quadro e dos resultados negativos já acumulados,
Macedo disse que, mesmo que
nos quatro meses que restam para
ser apurados pelo IBGE (setembro a dezembro) as vendas apresentem melhora, "é muito difícil"
que o comércio apresente resultado positivo no acumulado deste
ano.
Goiás e Rondônia
Das 27 unidades da Federação,
apenas Goiás (3,01%) e Rondônia
(2,08%) apresentaram resultados
positivos no volume de vendas no
varejo em agosto. Em julho, cinco
Estados haviam apresentado resultados positivos.
Em agosto, os piores resultados
foram de Roraima (-16,42%), Alagoas (-15,71%) e Acre (-15,19%),
mas as maiores contribuições para o resultado negativo, por causa
do peso no conjunto do país, foram de São Paulo, Rio de Janeiro,
Rio Grande do Sul e Bahia, que
apresentaram quedas nas vendas
de, respectivamente, 4,83%,
9,97%, 6,57% e 9,45%.
Rondônia é o único Estado que
apresenta números positivos no
acumulado do ano (3,50%) e em
12 meses (9,71%).
Todos os cinco grupos que
compõem o resultado final do indicador de comércio do IBGE
apresentaram resultados negativos em agosto, com destaque para
os combustíveis e lubrificantes
(queda de 8,85%).
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