UOL


São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONSUMO

Em agosto, varejo teve queda de 5,90% em relação a 2002; desemprego e renda menor são os motivos, diz IBGE

Vendas do comércio caem há nove meses

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O volume de vendas do comércio varejista brasileiro medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) registrou, em agosto, o nono mês consecutivo de queda em relação ao mesmo período do ano anterior.
A queda em agosto foi de 5,90% -a maior desde maio (6,27%). Em julho, a queda havia sido de 4,40%. O último resultado positivo foi 0,02%, em novembro do ano passado.
O grupo dos super e hipermercados, que engloba todos os estabelecimentos que vendem alimentos, bebidas e fumo, respondeu sozinho por 2,65 pontos percentuais na queda das vendas (44,9% do total). De janeiro a agosto as vendas caíram 5,49% em relação ao mesmo período de 2002. No acumulado em 12 meses, a queda foi de 4,15%.
"Enquanto essa situação de desemprego perdurar e a massa de rendimentos estiver em queda, dificilmente o setor comercial vai retomar o crescimento. Não importa que hoje a taxa de juros esteja menor, que o ambiente econômico esteja mais favorável", disse o economista Nilo Macedo, analista da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.
Macedo diz que o ambiente econômico está mais favorável aos investimentos (juros mais baixos, câmbio estável, ambiente político tranquilo e ambiente externo, do ponto de vista brasileiro, também), mas ressalvou que há uma demora entre a melhoria do cenário e os seus reflexos no consumo.
Ele avalia que o consumidor está endividado e que eventuais melhorias na renda estão sendo utilizadas para pagar dívidas e limpar o nome, até para poder contrair novas dívidas nas compras de final de ano.
Diante desse quadro e dos resultados negativos já acumulados, Macedo disse que, mesmo que nos quatro meses que restam para ser apurados pelo IBGE (setembro a dezembro) as vendas apresentem melhora, "é muito difícil" que o comércio apresente resultado positivo no acumulado deste ano.

Goiás e Rondônia
Das 27 unidades da Federação, apenas Goiás (3,01%) e Rondônia (2,08%) apresentaram resultados positivos no volume de vendas no varejo em agosto. Em julho, cinco Estados haviam apresentado resultados positivos.
Em agosto, os piores resultados foram de Roraima (-16,42%), Alagoas (-15,71%) e Acre (-15,19%), mas as maiores contribuições para o resultado negativo, por causa do peso no conjunto do país, foram de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Bahia, que apresentaram quedas nas vendas de, respectivamente, 4,83%, 9,97%, 6,57% e 9,45%.
Rondônia é o único Estado que apresenta números positivos no acumulado do ano (3,50%) e em 12 meses (9,71%).
Todos os cinco grupos que compõem o resultado final do indicador de comércio do IBGE apresentaram resultados negativos em agosto, com destaque para os combustíveis e lubrificantes (queda de 8,85%).


Texto Anterior: Crise no ar: Delta vende jatos e quer reduzir salários
Próximo Texto: Para compensar queda, lojas aumentam preços
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.