São Paulo, sexta-feira, 15 de outubro de 2004

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MERCADO

Acionista minoritário se frustra

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Foi lamentável." Assim reagiu Waldir Corrêa, presidente da Animec (associação que representa acionistas minoritários), sobre o reajuste de preço dos combustíveis promovido pela Petrobras.
Sob o ponto de vista dos detentores de ações da companhia, a alta decepcionou. "Posso até entender que um aumento mais moderado dos combustíveis pode ser benéfico para a inflação. Mas esse aumento pequeno é ruim para o investidor, que espera sempre que a empresa das quais detêm ações tenha um desempenho o melhor possível", avalia Corrêa.
A decepção foi refletida pelos indicadores do mercado financeiro. As ações da empresa fecharam em baixa na Bolsa de Valores de São Paulo, mesmo com o valor do barril de petróleo alcançando mais um recorde no mercado internacional.
A ação preferencial da estatal caiu 0,75% no pregão de ontem, e a ordinária (com direito a voto) recuou 0,62%. Com isso, as baixas acumuladas pelos papéis no mês passaram a ser de 4,53% (ação PN) e 2,80% (ação ON). No ano, ainda registram alta, de 26,93% e 24,37%, respectivamente.
Parte dos trabalhadores brasileiros virou acionista minoritário da Petrobras, ao investir recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) em papéis da companhia. O retorno nominal no ano ainda é bom, com alta acumulada de 32,6%.
A discussão levantada por analistas é sobre se esse retorno é o máximo que a empresa poderia dar ou se ele poderia ser maior se, de fato, os preços seguissem a variação do mercado externo.
A Animec, por exemplo, encomendou estudo que mostra que os preços dos combustíveis deveriam ter subido entre 12% e 20%.
A influência do reajuste no mercado financeiro não fica restrito ao setor acionário, porém. A projeção de que, com a alta, a inflação será levemente elevada reforçou a expectativa de que o Banco Central voltará a elevar a taxa de juros na reunião da próxima semana. Em setembro, a taxa subiu de 16% para 16,25% ao ano.
Resultado: as projeções dos juros futuros subiram na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros). A taxa no contrato DI -que acompanha os juros praticados entre bancos- mais negociado, com vencimento em abril, fechou a 17,26%, ante 17,19% do pregão anterior. No contrato com resgate daqui a um ano, a taxa subiu de 17,48% para 17,61%.
O dólar teve ontem sua maior alta em um dia desde 31 de maio: 1,16%, fechando a R$ 2,873.
O risco-país brasileiro subiu com força e fechou aos 481 pontos, em alta de 6,4%. Operadores afirmam que investidores venderam títulos da dívida brasileira -como os C-Bonds e o Global 40- para pagarem pelos novos papéis que o governo emitiu na semana passada.
A Bolsa de Valores de São Paulo encerrou o dia em baixa de 1,42%.


Colaborou a Redação


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