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BARRIL DE PÓLVORA
Ministro defende decisão de aumento paulatino dos combustíveis e descarta reflexos negativos na inflação
Palocci nega influência eleitoral em reajuste
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) defendeu ontem,
durante evento no Palácio do Planalto, a decisão da Petrobras de
realizar pequeno reajuste nos preços dos combustíveis, mas admitiu que novos aumentos poderão
vir em breve. Disse ainda que a
decisão da estatal não tinha caráter político e que não acredita que
tenha efeito nas eleições.
"Nenhum país está fazendo um
alinhamento com os preços atuais
do petróleo. Todos estão observando para ver o que acontece no
curto e no médio prazo. Então,
provavelmente, a Petrobras fez
um nível de ajuste, talvez não todo o ajuste que ela imagina fazer
ao longo do período. Acho que esse tem sido, penso, o comportamento dos países no geral", disse.
Para Palocci, a posição conservadora da Petrobras se deve às
dúvidas existentes hoje sobre o
comportamento futuro do petróleo. Segundo ele, são muitos os
elementos de pressão sobre os
preços do produto, "geopolíticos,
elementos de demanda, de mudança da estrutura da produção
em muitas regiões".
"Ainda há muita incerteza sobre
o futuro dos preços do petróleo,
mas é certo que, por um período
razoável, ficarão acima da média
dos últimos anos. Então acho que
a atitude da Petrobras é correta",
afirmou, lembrando que no mercado internacional os preços da
gasolina não acompanharam "totalmente o preço do petróleo".
O reajuste dos combustíveis foi
definido após o sinal verde do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva no final de setembro, conforme
reportagem publicada pela Folha.
Palocci disse que o aumento no
preço dos combustíveis não afetará negativamente o mercado nem
o combate à inflação. Segundo ele,
tanto o Banco Central quanto os
analistas financeiros já sabiam
que os preços dos combustíveis
no Brasil estavam defasados em
relação ao preço do petróleo no
mercado internacional. Para ele, o
impacto sobre a inflação não foi
uma das preocupações da Petrobras para definir os reajustes.
"A Petrobras não tem a atribuição de controlar a inflação. Essa
atribuição é do Banco Central. O
BC e os analistas já sabiam que,
com o atual nível do petróleo, algum reajuste do combustível deveria existir", disse.
Em sua avaliação, o Brasil não
corre o risco de sofrer grandes impactos negativos por conta da crise do petróleo. Segundo ele, do
primeiro choque internacional do
petróleo para cá, o país diversificou bastante sua matriz energética (como a utilização do álcool
combustível) e aumentou muito a
produção própria de petróleo.
O ministro disse também que a
situação das contas externas do
país hoje, puxada pelos crescentes
saldos da balança comercial, é
muito melhor do que no passado
e que a economia demonstra sinais claros de que entrou numa
nova fase de crescimento.
"Hoje estou muito otimista com
a economia brasileira porque os
dados negativos estão no retrovisor", disse, mencionando a crise
de confiança de 2002 (por conta
da eleição presidencial) e a fase de
ajuste da economia no ano passado, quando o PIB (Produto Interno Bruto) ficou negativo em 0,2%.
Apesar do otimismo, ele reconheceu que, se os preços do petróleo permanecerem elevados por
muito mais tempo, o crescimento
da economia mundial poderá ser
afetado. "Mas eu não sou pessimista em relação a isso. A produção do petróleo tem mostrado,
que, depois de um período de
pressões, a produção se acelera e
você tem uma reversão rápida e
forte dos preços", afirmou.
Política
Palocci afirmou não acreditar
que o reajuste anunciado pela Petrobras influencie o segundo turno das eleições municipais.
"Tenho certeza de que não. Esse
governo tem demonstrado que
toma todas as medidas necessárias, no momento necessário, independentemente de processos
eleitorais. Acho que esse é um sinal de um Brasil normal, que toca
seus projetos de desenvolvimento
e sua política econômica e que toma medidas seja próximo de um
período eleitoral, seja distante."
Ele elogiou a "maturidade" do
eleitor e ressaltou que, no passado, quando políticas econômicas
foram adaptadas a períodos eleitorais, o custo foi muito alto. "Nós
sabemos que, no passado, a adaptação de políticas econômicas a
períodos eleitorais custou muito
caro ao país. Esse governo não fará isso jamais. Portanto acho que
o resultado de medidas como essas sobre as eleições é nenhum."
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