São Paulo, sábado, 15 de outubro de 2005

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Pecuarista enviou carta a Lula sobre falta de recursos

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

Por meio de carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 26 de agosto passado, pecuaristas alertaram o governo sobre o risco da falta de verba para o combate à febre aftosa. A escassez de recursos pode ter resultado no foco da doença registrado nesta semana em Mato Grosso do Sul.
"A falta de investimento na defesa sanitária animal e vegetal brasileira vai expor o Brasil a uma situação vexatória diante da comunidade internacional, pois o frágil sistema de controle sanitário poderá gerar a perda de importantes mercados", escreveu na carta o presidente da Famato (Federação da Agricultura de Mato Grosso), Homero Alves Pereira.
Ele entregou a carta, endereçada a Lula, ao ministro Roberto Rodrigues (Agricultura), após evento que reuniu 3.500 produtores rurais em Mato Grosso. A assessoria do ministério não informou ontem se a correspondência chegou às mãos do presidente.
Segundo informou o Planalto, a carta endereçada ao presidente foi entregue a Rodrigues, que já vinha tratando do assunto defesa sanitária com Lula.
Apesar do alerta, o governo "trata a pão e água a saúde animal no país", afirmou ontem o presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Laucídio Coelho Neto. Segundo ele, o Estado, vítima da aftosa, não recebeu verba neste ano.
O alerta enviado a Lula partiu de Mato Grosso que, embora livre da doença com a vacinação, foi atingido por embargo nas exportações de carne, quando surgiu um foco no Pará em junho de 2004. A Rússia suspendeu as importações naquela ocasião e agora voltou a adotar a mesma medida.
Juntos, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul possuem pelo menos 50 milhões de cabeças de gado, cerca de 25% do rebanho bovino nacional.
Atingido pela doença, Mato Grosso do Sul responde por quase 50% da produção de carne brasileira exportada, informou Coelho Neto. Mas, os dois Estados, segundo as entidades de classe dos pecuaristas, não receberam recursos neste ano.
Na carta a Lula havia ainda outra advertência: "A inércia e o descaso de seu governo tem exposto o ministro Roberto Rodrigues a situações constrangedoras, demonstrando falta de companheirismo com aquele que é reconhecido pelos produtores rurais como um dos mais competentes membros da equipe [do governo]".
(HUDSON CORRÊA)


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