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VAREJO
Agosto registra queda de 0,38% nas vendas em relação a julho; IBGE vê "acomodação e desaceleração" do setor
Crédito menor provoca recuo no comércio
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Após cinco meses de expansão,
o comércio patinou em agosto: o
volume de mercadorias comercializadas no varejo caiu 0,38% na
comparação livre de efeitos sazonais com julho, segundo o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística). Em julho, as vendas
haviam subido 0,24%.
Já na comparação com 2004, o
comércio segue aquecido. As vendas subiram 6,47% ante agosto de
2004. Foi o 21º mês consecutivo de
expansão. No ano, as vendas do
varejo acumulam alta de 4,86%.
Para Reinaldo Pereira, economista de Comércio e Serviços do
IBGE, os dados relevam "uma
acomodação e uma desaceleração" do setor, sob efeito do menor
ritmo de crescimento do crédito.
Na avaliação de Pereira, muitas
famílias chegaram a um limite de
endividamento e não têm mais
condições de tomar novos empréstimos, o que leva o crédito a
se expandir mais lentamente.
"Parece que há uma tendência de
arrefecimento do crédito", disse.
Por conta dessa tendência, as
vendas de móveis e eletrodomésticos ficaram paradas em agosto
(+0,03%), e as de tecidos, vestuário e calçados caíram (-2,37%).
O economista Carlos Thadeu de
Freitas, da CNC (Confederação
Nacional do Comércio), diz que o
"crédito vem perdendo fôlego
lentamente". Ele avalia, porém,
que a renda, em recuperação, proporcionará que o crédito volte a
ter o vigor de antes, já que as famílias quitam dívidas antigas e ficam
livres para novos empréstimos.
"É natural que a capacidade de
endividamento esteja limitada
depois de tanto tempo com o crédito em expansão, mas não vejo o
fim do ciclo de aumento do crédito", afirma Freitas. Um sinal que
reforça sua análise, diz, é que a
inadimplência não está em alta.
Para Freitas, o comércio também sofre com os juros elevados.
Se o Banco Central tivesse começado a cortar os juros antes, diz, o
setor não estaria vivendo esse momento de "acomodação". O BC só
reduziu a Selic em setembro após
um ano de aperto monetário, de
19,75% ao ano para 19,5%.
Freitas diz, porém, que a expansão da renda nos últimos meses,
em razão da queda dos índices de
preço e do aumento do salário mínimo e dos dissídios acima da inflação, permitiu o avanço das vendas de bens não-duráveis (alimentos), tendência que deve se
manter até o final do ano.
Em agosto, os super e hipermercados venderam 0,53% a mais do
que em julho, no indicador com
ajuste sazonal. O ramo, diz, deve
ser o destaque nos próximos meses, liderando as vendas do setor.
A CNC prevê que as vendas voltem a subir no último trimestre
do ano. Para 2005, vê crescimento
de 4,5%. "O que é muito bom em
cima de uma base elevada de
2004, que teve alta de 9,3%", diz
Freitas. O IBV (Instituto para o
Desenvolvimento do Varejo) diz,
em relatório, que o comércio "já
ensaia um recuo", dada a contínua desaceleração dos últimos
cinco meses, quando as vendas
perderam fôlego. Na atual trajetória, o IBV estima alta de 4,5% nas
vendas do varejo em 2005.
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