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Lula elogiará proposta americana de cortar subsídios
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A SALAMANCA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva fará hoje, em sua fala à 15ª
Cúpula Ibero-Americana, a mais
otimista avaliação de uma autoridade brasileira sobre a oferta dos
Estados Unidos na negociação
agrícola relativa à Rodada Doha.
Lula dirá algo como "a proposta
é insuficiente, mas positiva". É basicamente a mesma formulação
feita pelo chanceler Celso Amorim, quando os Estados Unidos
apresentaram segunda-feira sua
proposta de cortar 60% dos seus
subsídios agrícolas, se países como o Japão e blocos como o da
União Européia fizessem cortes
ainda maiores, porque são mais
protecionistas.
A diferença é que ganha muito
mais peso uma afirmação do próprio presidente, ainda mais feita
diante de outros governantes,
dois dos quais pertencem à União
Européia (Espanha e Portugal,
aliás protecionistas).
Marco Aurélio Garcia, o assessor diplomático de Lula, diz que a
proposta norte-americana "destravou um pouco a negociação",
avaliação que parece correta.
Até o início da semana, quatro
anos de negociações, desde o lançamento da rodada na capital do
Qatar, não haviam produzido
avanço algum na área agrícola.
Sem isso, não haverá aberturas
nos demais setores econômicos
que estão sendo negociados.
A proposta dos EUA acabou
imediatamente replicada pela
União Européia, o que dá início
efetivo ao jogo.
"Foram avanços importantes
porque países que se mostravam
muito rígidos nas suas posições a
respeito de subsídios anunciaram
posições menos rígidas", afirma o
assessor de Lula.
A avaliação relativamente otimista não quer dizer que Lula deixará de cobrar mais abertura dos
países ricos na área agrícola, como têm feito sucessivos presidentes brasileiros.
Menos otimismo
Uma posição de resto endossada ontem mesmo pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, em
seu discurso na sessão inaugural
da Cúpula. Annan, aliás, foi menos otimista do que Lula será hoje, ao dizer que "todos os membros da Organização Mundial do
Comércio devem tomar iniciativas para sair do ponto morto em
agricultura".
O secretário-geral da ONU reafirmou a necessidade de que haja
"verdadeiros progressos" na Conferência Ministerial da OMC prevista para dezembro em Hong
Kong, sem o que a Rodada Doha
pode entrar em estado de coma.
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