São Paulo, sábado, 15 de outubro de 2005

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Lula elogiará proposta americana de cortar subsídios

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A SALAMANCA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará hoje, em sua fala à 15ª Cúpula Ibero-Americana, a mais otimista avaliação de uma autoridade brasileira sobre a oferta dos Estados Unidos na negociação agrícola relativa à Rodada Doha.
Lula dirá algo como "a proposta é insuficiente, mas positiva". É basicamente a mesma formulação feita pelo chanceler Celso Amorim, quando os Estados Unidos apresentaram segunda-feira sua proposta de cortar 60% dos seus subsídios agrícolas, se países como o Japão e blocos como o da União Européia fizessem cortes ainda maiores, porque são mais protecionistas.
A diferença é que ganha muito mais peso uma afirmação do próprio presidente, ainda mais feita diante de outros governantes, dois dos quais pertencem à União Européia (Espanha e Portugal, aliás protecionistas).
Marco Aurélio Garcia, o assessor diplomático de Lula, diz que a proposta norte-americana "destravou um pouco a negociação", avaliação que parece correta.
Até o início da semana, quatro anos de negociações, desde o lançamento da rodada na capital do Qatar, não haviam produzido avanço algum na área agrícola. Sem isso, não haverá aberturas nos demais setores econômicos que estão sendo negociados.
A proposta dos EUA acabou imediatamente replicada pela União Européia, o que dá início efetivo ao jogo.
"Foram avanços importantes porque países que se mostravam muito rígidos nas suas posições a respeito de subsídios anunciaram posições menos rígidas", afirma o assessor de Lula.
A avaliação relativamente otimista não quer dizer que Lula deixará de cobrar mais abertura dos países ricos na área agrícola, como têm feito sucessivos presidentes brasileiros.

Menos otimismo
Uma posição de resto endossada ontem mesmo pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, em seu discurso na sessão inaugural da Cúpula. Annan, aliás, foi menos otimista do que Lula será hoje, ao dizer que "todos os membros da Organização Mundial do Comércio devem tomar iniciativas para sair do ponto morto em agricultura".
O secretário-geral da ONU reafirmou a necessidade de que haja "verdadeiros progressos" na Conferência Ministerial da OMC prevista para dezembro em Hong Kong, sem o que a Rodada Doha pode entrar em estado de coma.


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