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Bancos dos EUA devem pagar bônus recorde
Instituições que tiveram ajuda bilionária do Tesouro vão desembolsar US$ 140 bi
Se confirmado, benefício vai superar o pago no pré-crise;
maioria dos bancos não
devolveu os empréstimos
emergenciais do governo
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
Os maiores bancos comerciais e de investimentos nos
EUA poderão pagar cerca de
US$ 140 bilhões em bônus neste ano a seus executivos.
Se confirmado, o valor será
recorde e superior ao embolsado por funcionários de Wall
Street em 2007, ano das maiores compensações até hoje.
Entre as 23 firmas que devem chegar a esse total em pagamentos (que incluem salários, planos de saúde, outros
benefícios e bônus), as maiores
receberam bilhões de dólares
do Tesouro norte-americano
em injeções diretas de capital
após o estouro da crise financeira, em setembro de 2008.
Seus resultados também vêm
sendo turbinados pelo fato de o
Fed (o BC dos EUA) estar emprestando dinheiro a esses bancos a custo praticamente zero.
O dinheiro é repassado a outros
tomadores com juros ou aplicado nos mercados financeiros.
Esse movimento explica parte da forte recuperação das Bolsas mundiais, que têm atraído
capital estrangeiro, principalmente dos EUA. Ontem a Bolsa
de Nova York ultrapassou os 10
mil pontos pela primeira vez
desde agosto de 2008.
O total de US$ 140 bilhões
em compensações foi levantado pelo "Wall Street Journal",
que realizou projeções para o
segundo semestre de 2009 com
base no que os bancos provisionaram de seus lucros para esse
fim nos primeiros seis meses
do ano. Os bancos não contestaram as conclusões do jornal.
A receita total desses 23 bancos deve atingir US$ 437 bilhões, quase US$ 100 bilhões a
mais do que em 2007.
O Bank of America, maior
dos EUA e que ainda não devolveu ao governo dos EUA cerca
de US$ 50 bilhões injetados pelo Tesouro, aumentará em 63%
o valor dos bônus a funcionários. O BofA, como é conhecido,
teve garantias federais contra o
risco de perdas que poderiam
chegar a US$ 118 bilhões.
Já o Citigroup, que recebeu
US$ 45 bilhões do governo e teve garantidos US$ 306 bilhões
em empréstimos de má qualidade, reduzirá em 32% o valor
das compensações. Hoje, o governo dos EUA é o maior acionista individual do Citi.
O Congresso dos EUA poderá
limitar ainda neste ano os pagamentos por empresas que receberam ajuda federal.
Em duas semanas, Kenneth
Feinberg, o "czar" do Tesouro
para o assunto, prestará testemunho no Congresso, onde indicará aos parlamentares quais
empresas deveriam ter limitados os volumes de pagamento.
Ontem, foi divulgado que
três assessores econômicos do
Tesouro receberam cerca de
US$ 9,1 milhões em bônus de
empresas como Citigroup e
Goldman Sachs antes de ingressarem no governo Obama.
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