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Sob pressão, Vale anuncia em MG investimento já previsto
Dos R$ 9,5 bi anunciados, R$ 4,4 bi eram previstos em plano divulgado há um ano
Por enquanto, nenhum
dos três investimentos foi aprovado pelo conselho
da empresa, que está sob ataque do governo Lula
BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
Em meio a críticas cada vez
mais fortes do governo à sua
gestão, o presidente da Vale,
Roger Agnelli, anunciou ontem, em Belo Horizonte, ao lado do governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), investimentos de R$ 9,5 bilhões no Estado
até 2013. Mas quase metade
dos investimentos já era prevista há mais de um ano.
Os projetos da Vale Minas
-Estado em que a empresa dispensou 260 pessoas na crise, de
um total de 1.300 em todo o
mundo- haviam sido duramente afetados com a recessão
global porque as minas mineiras têm custo de produção
maior. Diante da necessidade
de ajustar a produção à demanda, a Vale usou esse critério para fazer os cortes.
O projeto de Apolo, no valor
de R$ 4,4 bilhões, já constava
do plano de investimento divulgado há um ano, e resistiu
no programa mesmo quando,
em janeiro, já enfrentando a
queda nas vendas de minério
de ferro de 30%, a Vale anunciou adiamento de R$ 10 bilhões em investimentos previstos inicialmente para 2009.
Os outros dois investimentos
são duas novas usinas de processamento de minério de ferro, no valor total de R$ 5 bilhões, em minas já existentes.
Os investimentos da Vale
anunciados ontem devem gerar
cerca de 10 mil empregos diretos e indiretos.
Nenhum dos três investimentos foi aprovado, por enquanto, pelo conselho de administração da Vale, a instância
máxima de decisões estratégicas. Ele tem 11 membros, representando principalmente Previ
(o fundo de pensão do Banco do
Brasil), Bradesco e BNDES.
Para o analista Gilberto Cardoso, do Banif Securities, o
anúncio foi visto com surpresa.
"Pode ter sido feito com o objetivo de mostrar fatos positivos
em um momento ruim", diz.
Antônio Ruiz, analista do
Banco do Brasil, lembra que,
em cinco anos, o investimento
não chega a ser relevante. E diz
que a situação nas minas do Estado já não é tão ruim. "A demanda se recupera mais rapidamente do que esperávamos."
Mesmo diante de um pré-candidato opositor à Presidência da República, Agnelli não
escapou de cobranças do governo mineiro. Aécio, assim como
Lula, cobrou publicamente de
Agnelli investimentos em agregação de valor ao minério de
ferro extraído em Minas.
"Queremos que essa parceria
continue avançando. É muito
importante que nós tenhamos
em Minas Gerais, no futuro,
novos investimentos que agreguem ainda maior valor à matéria-prima aqui extraída", disse
Aécio no Palácio da Liberdade
em ato com diretores da Vale,
empresários e políticos.
A falta de beneficiamento do
minério de ferro pela Vale no
Brasil é uma das principais críticas do presidente Lula a Agnelli, a ponto de ele ter dado sinal verde para a ofensiva do
empresário Eike Batista para
adquirir ações da Vale em mãos
do Bradesco -fiador de Agnelli
na presidência da companhia-
e de fundos de pensão estatais.
O presidente também reclama que navios usados para embarque do minério extraído no
Brasil vêm sendo encomendados no exterior, em detrimento
da indústria naval brasileira.
Em reunião reservada antes
da solenidade, Aécio cobrou de
Agnelli a construção de uma siderúrgica no Estado. Segundo o
governo mineiro, a diretoria da
Vale disse que iria estudar o assunto.
Sem citar o governo federal
ou os atritos com o presidente
Lula, Agnelli disse, em discurso
de cinco minutos, que a Vale está preparada para não "frustrar
as expectativas" de Minas.
"A parceria com Aécio Neves
tem sido muito positiva e importante. Nunca nos faltou
apoio aqui em Minas, e a gente
não vai frustrar nenhum tipo
de expectativa que os mineiros
tenham em relação à Vale."
Agnelli e os diretores da Vale
deixaram o Palácio da Liberdade pelos fundos, sem falar com
a imprensa. Agnelli tinha compromissos agendados, segundo
sua assessoria.
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