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Para analistas, melhora é discreta e não é tendência
DA REPORTAGEM LOCAL
A melhora no fluxo de financiamentos externos ao país, verificada na primeira quinzena de outubro, é muito discreta e localizada,
não indica uma tendência. "Não
dá para perceber uma mudança
estrutural no quadro", diz Rodolfo Soares, diretor do BankBoston.
Segundo Soares, trata-se de
operações ligadas basicamente ao
financiamento à exportação, concedidas apenas para empresas de
primeiríssima linha e muito bem
amarradas a contratos de exportação. "O fluxo de exportação é
dado como garantia ao financiamento", diz ele.
Segundo o diretor de um importante banco europeu, nesses
casos os prazos começam a esticar
um pouco. Antes das eleições,
eram de apenas um ano e, agora,
já é possível obter-se financiamento para pagar em até dois
anos. Também o "spread" - juros cobrado acima da taxa Libor- recuou de 10% ao ano para
4% ao ano.
Já os financiamentos à importação continuam difíceis, segundo
Lúcio Moura, diretor do Lloyds
TSB. Os bancos estrangeiros estariam evitando qualquer tipo de
operação que implique em fechar
contratos de câmbio no Brasil.
No caso das exportações, os
bancos não correm o risco Brasil,
pois o financiamento é pago ao
banco, diretamente, pelo importador do produto brasileiro.
Segundo diretores de bancos internacionais ouvidos pela Folha,
as taxas de juro para financiar a
importação estão entre 4% e 5%
ao ano, além da Libor. "Nesse patamar não sai negócio", diz Moura.
Na sua opinião tais taxas estão
muito acima do risco Brasil. "Em
todas as crises anteriores os negócios paravam quando o "spread"
chegava em 3% ao ano", diz Moura. Mais do que isso, os grandes
bancos e empresas locais não estariam dispostos a pagar, segundo
ele.
Outras linhas
As operações bilaterais, em que
um banco local oferece linhas de
financiamento à importação e exportação, com funding externo,
também não mostraram recuperação. E as operações de dívida
pura - empréstimo a empresas
brasileiras por bancos internacionais- sem vínculo com o comércio exterior, continuam suspensas.
Segundo Soares, do BankBoston, a dificuldade de financiamento às empresas não ocorre só
no Brasil. "Há uma aversão generalizada ao risco, em todo o mundo", diz. Os "spreads" de crédito
estão subindo nos EUA, no Japão
e na Europa também para as empresas daqueles países, segundo
Soares. "As empresas com rating
abaixo de "A" são as que estão pagando juros mais altos nos financiamentos", diz.
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