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TRANSIÇÃO
Cúpula do partido espera que BC tome decisão "técnica" necessária; porta-voz nega aceitação de elevação da taxa
PT já espera alta do juro contra inflação
GUSTAVO PATÚ
ANDREA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante das expectativas cada vez
piores para a inflação de 2003, o
PT enviou sinais ao governo federal de que espera uma decisão
"técnica" do Banco Central para
conter a escalada de preços.
Segundo a Folha ouviu na cúpula petista, espera-se que o Copom -o Comitê de Política Monetária do BC, que decide todo
mês os juros- tome a medida
que achar necessária para conter a
inflação. Se for necessário elevar
as taxas, afirma-se, que isso seja
feito de imediato.
Oficialmente, o partido nega
com veemência que aprove a alta
de juros. "O governo eleito desautoriza qualquer aumento de juros", disse André Singer, porta-voz do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
A questão é, obviamente, delicada do ponto de vista político.
Nos oito anos de governo FHC, o
PT criticou a política de juros. Na
campanha, economistas do partido chegaram a defender metas de
inflação mais elásticas para permitir uma política monetária menos rígida.
Agora, segundo a Folha apurou,
teme-se que os preços estourem
justamente no primeiro ano de
mandato de Lula da Silva e, por isso, considera-se melhor pagar já o
preço de sacrificar o crescimento
econômico do que arriscar a estabilidade da moeda mais à frente.
Na equipe de transição do PT, o
coordenador, Antônio Palocci Filho, limitou-se ontem a declarações genéricas sobre o tema. Disse
que não dará opinião "prévia nem
posterior" sobre a decisão do Copom. "Todo o Brasil deseja a queda dos juros, mas essa não é uma
decisão política."
O BC elevou os juros de 18% para 21% ao ano em outubro, numa
reunião extraordinária do Copom. Na época candidato, Luiz
Inácio Lula da Silva criticou a decisão. Já o presidente do PT, deputado José Dirceu (SP), considerou a medida "inevitável".
Preços públicos
Palocci disse que o governo Lula
adotará uma "política rígida" para os preços públicos -caso de
combustíveis, telefonia e energia
elétrica, administrados direta ou
indiretamente pelo Estado e temidos como os principais alimentadores da inflação em 2003.
A afirmação não veio acompanhada de maiores detalhes sobre
o que poderia ser feito nessa área,
em que as tarifas são fortemente
influenciadas pela variação do dólar. "É fazer o mínimo do mínimo
necessário", disse Palocci.
Na campanha eleitoral, Lula defendeu a renegociação dos contratos com as empresas de energia
e telefonia, que prevêem reajustes
corrigidos pelos IGPs da FGV, índices que captam o efeito do câmbio sobre os preços no atacado.
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