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EFEITO DÓLAR
Receita com emissão de bilhetes internacionais cresce 56,8% em outubro; procura por vôos sobe desde junho
Câmbio estável aumenta viagens ao exterior
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Após a debandada de passageiros provocada pelos atentados de
11 de Setembro, retração da atividade econômica e instabilidade
no câmbio, a ocupação nos vôos
internacionais das principais
companhias reagiu no segundo
semestre deste ano.
A receita com emissão de bilhetes das companhias aéreas que
operam vôos internacionais no
Brasil cresceu 56,8% em outubro
em relação ao mesmo mês do ano
passado, de acordo com dados da
Iata (Associação Internacional do
Transporte Aéreo).
É o maior aumento para um
mês desde setembro de 2001,
quando ocorreram os atentados
terroristas nos Estados Unidos.
Os aviões voltaram a decolar
mais cheios a partir de junho,
quando houve alta de 1,56% na receita, depois de retrações sucessivas. Desde então, os ganhos das
empresas com emissões de bilhetes internacionais vêm crescendo:
11,3% em julho, 27,5% em agosto
e 39% em setembro.
Muitas empresas -principalmente as que operam rotas para a
Europa, que foram beneficiadas
pelas restrições de visto para os
Estados Unidos- estão com os
vôos lotados e planejam aumentar sua oferta no fim do ano.
A percepção dos executivos das
companhias é que a economia está reagindo e o dólar está estável, o
que estimulou demanda até então
reprimida. Em setembro, o brasileiro gastou US$ 63 milhões com
turismo no exterior, ante US$ 38
milhões no mesmo mês de 2002,
segundo o Banco Central.
"O brasileiro está começando a
sair da toca", resume Ralf Aasmann, diretor de vendas no Brasil
da alemã Lufthansa.
O executivo não detalha a ocupação da companhia mês a mês,
mas afirma que, nos últimos meses, entre 85% e 90% dos assentos
da companhia foram preenchidos
por passageiros, ante 80% no
mesmo período do ano passado.
Detalhe: desde outubro deste
ano a Lufthansa opera três vôos
extras por semana entre São Paulo e Frankfurt, na Alemanha.
A Varig, que possui a maior participação no mercado de viagens
internacionais, sentiu também
aumento de demanda de turistas
estrangeiros. Neste ano, a companhia decidiu fretar oito vôos semanais entre Europa e Nordeste.
"A oferta foi reduzida, em 5%,
mas a demanda aumentou 14%
em outubro", afirmou o vice-presidente comercial da companhia,
Alberto Fajerman.
As aeronaves da Air France, que
voa de São Paulo e Rio de Janeiro
para Paris, na França, também estão lotadas de julho para cá. Em
outubro, a ocupação média da
companhia foi de 80,3%, ante
69% no mesmo período de 2002.
Negócios
Apesar de amargarem prejuízo
com a burocracia para tirar visto
para os Estados Unidos, as companhias americanas também percebem melhora no mercado.
A American Airlines, por exemplo, pretende aumentar a oferta
em cinco vôos semanais na rota
Rio/Miami e em quatro vôos semanais no trecho São Paulo/Miami a partir de dezembro.
A United, companhia americana especializada em viagens de
negócios, teve aumento na ocupação, mas reduziu a oferta em 10%
ante 2002. Mesmo assim, atribui o
aumento de assentos ocupados
em outubro -76% neste ano, ante 51% no ano passado- ao crescimento na demanda.
Segundo a Favecc (fórum das
agências de viagens de contas comerciais), os executivos realmente estão viajando mais -no primeiro semestre, o aumento foi de
32,8%, segundo a entidade-,
mas estão trocando a classe executiva pela econômica.
"A alta ocorreu por causa do aumento das exportações e perspectivas de novos mercados internacionais para produtos ou serviços
brasileiros, com destaque para o
agronegócios", diz o presidente
interino da Favecc, Mauro
Schwartzmann.
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