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Estudo do Ipea já estava pronto antes das eleições
Órgão diz que não divulgou trabalho em agosto para não interferir no processo
Estudo vê dificuldades para o país crescer 5% ao ano se não forem feitas mudanças em setores da economia, como o de energia elétrica
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada), órgão ligado ao Ministério do Planejamento, decidiu esperar pelo
fim das eleições para só então
divulgar estudo que aponta as
dificuldades que o país terá para crescer 5% ao ano caso não
sejam feitas mudanças em diversos setores da economia.
O documento, intitulado
"Uma agenda para o crescimento econômico e a redução
da pobreza", tem 138 páginas,
reúne nove artigos preparados
por uma equipe de 16 pessoas e
foi publicado anteontem no site do Ipea na internet.
O trabalho de maior repercussão, assinado por Paulo
Levy e Fábio Giambiagi, aponta
a impossibilidade de o país
crescer 5% ao ano "nos próximos anos" devido a duas restrições: problemas no setor elétrico, que não seria capaz de fornecer energia para sustentar
uma expansão dessa magnitude, e a baixa taxa de investimentos.
De acordo com os autores, a
combinação desses dois fatores
"impede uma expansão sustentada muito acima de 3,5% ao
ano". Logo após o anúncio de
sua reeleição, o presidente Lula
afirmou que o Brasil crescerá
5% já em 2007.
"A proposta [de realização do
estudo] partiu da direção do
Ipea em abril. Com a proximidade do fim do governo, surgiu
a idéia de fazer uma discussão
em torno das políticas públicas
no Brasil", afirma Levy, que é
diretor de Estudos Macroeconômicos do instituto.
"O trabalho foi concluído
preliminarmente em agosto,
quando foi apresentado ao ministro do Planejamento, e apresentado agora, passada a eleição. Havia a preocupação de
não interferir no processo eleitoral", afirma o diretor.
Levy diz que trabalho semelhante já havia sido feito no início do governo FHC (95-2002).
Pesquisas como essa divulgada
anteontem são publicadas regularmente pelo Ipea na internet e não refletem, obrigatoriamente, a opinião do instituto
sobre os assuntos abordados.
Segundo a assessoria de imprensa do Ipea, a decisão de publicar ou não um trabalho parte
da diretoria do Ipea, sem influência do governo.
Giambiagi é economista do
Ipea e trabalhou na assessoria
econômica do Ministério do
Planejamento quando José
Serra era o titular da pasta.
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