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DIAGNÓSTICO & RECEITA
Leão abusado
OSIRIS LOPES FILHO
O Brasil, sob o império FHC,
marcha celeradamente para
Uganda. A ida para o Primeiro
Mundo, a realidade está a evidenciar, é coisa de intelectual
nefelibata.
Tinha razão Geraldo Ataliba, quando denunciava o caos
do nosso sistema tributário. A
corte brasiliense muda a lei tributária conforme o vazio do
caixa do Tesouro. Vige a manipulação permanente dos impostos e contribuições, para,
em assalto legalizado aos bolsos da gente brasileira e aos
caixas da empresa, encher os
cofres do governo federal.
Mais uma vez ocorre o socorro ao país, providenciado pelo
Fundo Monetário Internacional e a banca internacional.
Diz-se que, agora, vamos adquirir credibilidade. Ilusão de
realidade virtual.
Enquanto, a cada crise, aumentarem-se tributos, aprofundando a anarquia do sistema tributário e elevando-se o
sacrifício do contribuinte, fica
afetado um valor fundamental
que é a segurança jurídica. A
instabilidade da regra, a sua
permanente variabilidade, favorecem a insegurança jurídica. O Estado brasileiro não é
confiável, pois agride sempre,
na área tributária, o seu povo e
as suas empresas.
Elevou-se, recentemente, por
medida provisória, a Cofins
(Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) em 50%. Para dourar a
pílula, possibilitou-se que o
montante do acréscimo fosse
compensado com o Imposto de
Renda da Pessoa Jurídica, desde que relativo ao mesmo período.
É o escárnio. Para que haja
Imposto de Renda a empresa
precisa ter lucro. As pequenas e
médias empresas, genuinamente brasileiras, em 1999 vão
sofrer prejuízos. Não poderão
compensar essa brutal elevação da Cofins. É preciso que se
lembre que essa contribuição
incide sobre a receita bruta.
Três por cento da receita bruta,
com a crise que o país atravessa, vão acelerar a quebradeira
das empresas ou o aumento da
evasão, como mecanismo de
sobrevivência no negócio.
Os Estados e os municípios,
sócios da arrecadação do IR
em 47%, sofrerão dupla perda,
seja porque os lucros cairão,
prevalecendo os prejuízos, em
1999, por diminuição da atividade econômica, seja porque,
quando houver lucro, o IR resultante será diminuído pela
compensação da Cofins. A
União não terá perda, pois já
arrecadou a Cofins.
Leão imperial faminto é isso
aí. Come de qualquer jeito,
principalmente os carneiros,
pois está prevalecendo a lei da
selva. O imperador vai reinar
sobre cidadãos espoliados, empresas arruinadas e a Federação com leucemia financeira.
Osiris de Azevedo Lopes Filho, 59, advogado, é professor de Direito Tributário da
Universidade de Brasília e ex-secretário da
Receita Federal.
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