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Tratamento especial à empresa teve até "contrato de gaveta"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A homologação da Nova Varig em uma cerimônia em Brasília com três ministros encerrou um longo processo de coordenação política do governo
para a recuperação de uma empresa aérea.
Em seu discurso de ontem, o
presidente da Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil), Milton Zuanazzi, insistiu em "reconhecer" a ajuda do governo
federal, que "interagiu intensamente no processo", e a participação da Casa Civil e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
"que nunca faltaram com seus
aconselhamentos".
Mas a contribuição do Palácio do Planalto não foi apenas
esta. A ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil) insistiu por mais de
uma vez que a homologação
fosse concedida ainda neste
ano, por exemplo. Manteve
contato direto e freqüente com
Zuanazzi. Com a pressa, os problemas: não havia tempo hábil
para a Varig constituir uma nova empresa, assinar os contratos e pleitear o Cheta (Certificado de Homologação de Empresa de Transporte Aéreo)
ainda neste ano.
A Anac então decidiu aceitar
os acordos de gaveta, apelidados de "pré-contratos". Até a
semana passada, toda a documentação estava em ordem,
mas faltava a da empresa de
manutenção. Resolvida esta
pendência, a Anac convocou
uma reunião de diretoria extraordinária no Rio, terça-feira,
para aprovar o Cheta.
O presidente da Varig, Guilherme Laager, foi chamado para assinar os contratos de concessão das rotas aéreas. Também presente, o juiz Luiz Roberto Ayoub. No papel, a determinação de operar as rotas domésticas em 30 dias e as internacionais, em 180 dias. Laager
leu e assinou. E nada disse sobre questionamentos judiciais
futuros.
Reservadamente, Ayoub foi
alertado então por diretores da
Anac sobre os pré-contratos.
Nenhuma outra aérea obteve
tal tratamento, e o assunto poderia servir de base para uma
nova enxurrada de processos.
Ontem, o magistrado, que também participou da cerimônia,
disse torcer para que as batalhas judiciais tenham acabado.
O problema é que até hoje
dois tópicos não foram explorados completamente: 1) Após o
arremate da Varig, a empresa
manteve congeladas algumas
rotas que seriam seus "ativos".
O problema é que elas são patrimônio público e concessão.
2) A Volo Brasil, dona da VarigLog, que comprou a Varig, é
formada por capital estrangeiro que ultrapassa o limite de
20% definido na lei. O tratamento especial à companhia
também ocorreu em discursos.
O ministro da Defesa, Waldir
Pires, e Zuanazzi nunca esconderam que era política do Palácio do Planalto recuperar a Varig.
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