São Paulo, sexta-feira, 16 de janeiro de 2004

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INFRA-ESTRUTURA

Agronegócio e siderurgia estão entre as metas para este ano

Em 2003, BNDES emprestou 6% a mais do que em 2002

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) desembolsou empréstimos em 2003 no valor de R$ 33 bilhões -6% a mais do que em 2002, quando a cifra havia ficado em R$ 31 bilhões.
Para 2004, o orçamento do banco estatal, a principal fonte de financiamento de longo prazo no país, será 43% maior, atingindo R$ 47,3 bilhões.
Segundo o vice-presidente do banco, Darc Costa, cinco setores vão liderar os empréstimos: agronegócio, material de transporte -aviões da Embraer, navios e vagões-, papel e celulose, metalurgia e siderurgia. Cada um deles terá cerca de R$ 1 bilhão a mais em empréstimos.
A área de infra-estrutura (transportes, energia e telefonia, por exemplo) do banco terá disponíveis R$ 15 bilhões para financiar obras, especialmente no setor de energia elétrica. É um acréscimo de R$ 7 bilhões em relação ao orçamento da área em 2003.
Já o ramo de material de transporte ficará com R$ 5 bilhões. As previsões de desembolsos em 2004 foram feitas com base nos pedidos de empréstimo já formulados ao banco.
O BNDES também detalhou suas fontes de financiamento em 2004. O retorno de empréstimos antigos garantirá uma fatia de R$ 33 bilhões no orçamento do banco. Do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), virão R$ 11 bilhões. De organismos internacionais, cerca de R$ 3 bilhões. O resto será captado no país e no exterior.
Neste ano, o BNDES prevê ampliar ainda empréstimos na área social (microcrédito, saúde, educação, agricultura familiar etc.) de R$ 1,5 bilhão em 2003 para R$ 3,9 bilhões.
O banco divulgou ontem apenas dados referentes a seus empréstimos. O balanço financeiro ainda não está pronto, mas o vice-presidente do banco afirmou que a instituição fechará 2003 no azul. "O que eu posso dizer é que o banco vai dar um lucro superior ao de 2002", disse.
Naquele ano, a instituição teve um resultado positivo de R$ 550 milhões. Por causa da provisão para a possível inadimplência da AES, o banco encerrou o primeiro semestre de 2003 com prejuízo recorde de R$ 2,4 bilhões.
Costa disse que o acordo com a AES fez com que o banco deixasse de provisionar (reservar recursos para cobrir inadimplência) perdas em seu balanço. "[A provisão] Foi uma estratégia de negociação. Não tínhamos mais nada a perder", afirmou.
Pelo acordo, o BNDES trocou metade da dívida de US$ 1,2 bilhão por participações em empresas controladas pela AES, tornando-se sócio da companhia. Para gerir esses ativos, foi criada uma empresa (a Brasiliana) de cujo capital total o BNDES tem 54%, e a AES, 46%.
O restante da dívida a AES pagará parceladamente.
Costa afirmou que seria possível "fazer muito mais se fosse feita a capitalização" que o BNDES negocia com o Tesouro. O BNDES quer que o Tesouro injete R$ 15 bilhões no banco, permitindo aumentar seus empréstimos.
Costa afirmou que foi um ano "difícil, mas o BNDES acabou tendo um bom desempenho". Ele reconheceu que a reestruturação do banco, promovida pela atual gestão, "afetou o desempenho" no começo do ano, quando foram registrados poucos empréstimos e queda nos pedidos de crédito. Disse, porém, que as mudanças foram concluídas e que no final do ano o ritmo voltou ao normal.
Nesta administração, toda a diretoria e boa parte das superintendências foram trocadas com o objetivo de mudar o perfil de banco de investimento para banco de desenvolvimento, segundo afirma o presidente do BNDES, Carlos Lessa.


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