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COMÉRCIO
Para IBGE, queda na renda emperra recuperação do setor; alimentos e roupas são maiores "vítimas" da retração
Venda do varejo cai pelo 12º mês seguido
ANA PAULA GRABOIS
DA SUCURSAL DO RIO
O volume de vendas do comércio do país caiu 0,27% em novembro, a 12ª queda consecutiva, na
comparação com o mesmo mês
do ano anterior, de acordo com o
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Para o técnico responsável pela
PMC (Pesquisa Mensal de Comércio), Nilo Macedo, a queda da
renda do trabalhador é a principal
causa do resultado negativo e vem
emperrando a recuperação do
consumo.
No ano, o varejo registrou redução de 4,52%. Em 12 meses, a retração chegou a 4,58%.
A queda da renda se traduziu no
fraco desempenho do comércio
de alimentos e roupas. As vendas
do grupo formado por hipermercados, supermercados, alimentos,
bebidas e fumo caíram 2,2% em
novembro e acumulam perda de
5,59% no ano. No grupo de tecidos, vestuário e calçados, a redução foi de 2,87% no mês e de 3,8%
no ano.
"Enquanto a renda não se recuperar, esses setores vão pagar o
preço e afetar o resultado geral do
comércio. Isso significa que ainda
há 50% do varejo comprometido
pelo fator renda", disse Macedo.
Já o consumo de bens duráveis,
como eletrodomésticos e carros,
foi favorecido pelo maior acesso
ao crédito, com os cortes na taxa
básica de juros, atualmente em
16,5% ao ano.
"O consumidor da classe média
está mais confiante com o futuro
da economia e está comprando a
prazo", afirmou Macedo.
Os móveis e eletrodomésticos
registraram aumento de 9,05%
em novembro -a terceira alta seguida.
O Estado de São Paulo, cujas
vendas caíram 0,15%, deixou de
ser o principal responsável pela
queda nacional. Em seu lugar, ficou o Estado do Rio, onde as vendas diminuíram 4,69% e a renda
vem caindo de forma mais acentuada.
Além disso, a produção da indústria de bens duráveis (em crescimento) está concentrada em
São Paulo, o que ajuda a segurar a
massa salarial.
Para dezembro, a previsão do
IBGE é de um desempenho melhor, principalmente devido à base de comparação baixa.
Em dezembro de 2002, os juros
e a inflação em níveis elevados e o
dólar em disparada afetaram o
consumo.
O dado de dezembro, entretanto, será insuficiente para deixar o
varejo no azul em 2003. "Certamente, 2003 deve fechar negativo,
e teremos o terceiro ano consecutivo de queda no comércio", disse
Macedo.
Em 2002 e 2001, as vendas caíram 0,68% e 1,57%, respectivamente.
A renda média do trabalhador
nas seis maiores regiões metropolitanas do país diminuiu 13% em
novembro, pelo oitavo mês seguido, em relação ao mesmo mês do
ano anterior.
Com as vendas menores, o comércio recorreu ao aumento de
preços para recompor a margem
de lucro ao longo de 2003. A receita nominal de vendas do setor subiu 9,58% em novembro em relação ao mesmo mês de 2002 e acumulou 13,75% no ano.
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