São Paulo, sexta-feira, 16 de janeiro de 2004

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COMÉRCIO

Para IBGE, queda na renda emperra recuperação do setor; alimentos e roupas são maiores "vítimas" da retração

Venda do varejo cai pelo 12º mês seguido

ANA PAULA GRABOIS
DA SUCURSAL DO RIO

O volume de vendas do comércio do país caiu 0,27% em novembro, a 12ª queda consecutiva, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Para o técnico responsável pela PMC (Pesquisa Mensal de Comércio), Nilo Macedo, a queda da renda do trabalhador é a principal causa do resultado negativo e vem emperrando a recuperação do consumo.
No ano, o varejo registrou redução de 4,52%. Em 12 meses, a retração chegou a 4,58%.
A queda da renda se traduziu no fraco desempenho do comércio de alimentos e roupas. As vendas do grupo formado por hipermercados, supermercados, alimentos, bebidas e fumo caíram 2,2% em novembro e acumulam perda de 5,59% no ano. No grupo de tecidos, vestuário e calçados, a redução foi de 2,87% no mês e de 3,8% no ano.
"Enquanto a renda não se recuperar, esses setores vão pagar o preço e afetar o resultado geral do comércio. Isso significa que ainda há 50% do varejo comprometido pelo fator renda", disse Macedo.
Já o consumo de bens duráveis, como eletrodomésticos e carros, foi favorecido pelo maior acesso ao crédito, com os cortes na taxa básica de juros, atualmente em 16,5% ao ano.
"O consumidor da classe média está mais confiante com o futuro da economia e está comprando a prazo", afirmou Macedo.
Os móveis e eletrodomésticos registraram aumento de 9,05% em novembro -a terceira alta seguida.
O Estado de São Paulo, cujas vendas caíram 0,15%, deixou de ser o principal responsável pela queda nacional. Em seu lugar, ficou o Estado do Rio, onde as vendas diminuíram 4,69% e a renda vem caindo de forma mais acentuada.
Além disso, a produção da indústria de bens duráveis (em crescimento) está concentrada em São Paulo, o que ajuda a segurar a massa salarial.
Para dezembro, a previsão do IBGE é de um desempenho melhor, principalmente devido à base de comparação baixa.
Em dezembro de 2002, os juros e a inflação em níveis elevados e o dólar em disparada afetaram o consumo.
O dado de dezembro, entretanto, será insuficiente para deixar o varejo no azul em 2003. "Certamente, 2003 deve fechar negativo, e teremos o terceiro ano consecutivo de queda no comércio", disse Macedo.
Em 2002 e 2001, as vendas caíram 0,68% e 1,57%, respectivamente.
A renda média do trabalhador nas seis maiores regiões metropolitanas do país diminuiu 13% em novembro, pelo oitavo mês seguido, em relação ao mesmo mês do ano anterior.
Com as vendas menores, o comércio recorreu ao aumento de preços para recompor a margem de lucro ao longo de 2003. A receita nominal de vendas do setor subiu 9,58% em novembro em relação ao mesmo mês de 2002 e acumulou 13,75% no ano.


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