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Crise faz Citibank mudar estratégia no Brasil
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise de crédito nos EUA
deve levar o Citigroup a rever
sua estratégia para países
emergentes, incluindo o Brasil.
O banco deve se desfazer de
participações não-financeiras
ou de pouco valor estratégico e
focar sua atuação no crédito em
países de maior potencial de
expansão, como o Brasil.
Com a urgência de fazer caixa para manter sua capacidade
de emprestar, o Citi decidiu
vender no Brasil uma participação de 6,11% na Redecard,
administradora de cartões, por
meio de oferta pública de ações,
em que poderá levantar cerca
de R$ 1,1 bilhão. Mesmo com a
venda, ficará com 17,8% da empresa e pode vender o restante,
que valeria mais R$ 3,2 bilhões.
O Citi também negocia a venda de sua participação na Solpart, holding controladora da
Brasil Telecom, avaliada em R$
2,5 bilhões. Pelo acordo negociado com a Oi (ex-Telemar), o
Citi deixará a telefonia no país.
Apesar da venda de participações não-estratégicas, o Brasil e demais emergentes de rápido crescimento ganharam
importância política dentro do
Citigroup com a ascensão do
indiano Vikram Pandit, que assumiu o comando do grupo em
meio à crise imobiliária nos
EUA. A injeção de capital dos
fundos soberanos de Abu Dhabi, Kuait, Coréia do Sul e Cingapura também deu mais poder
aos emergentes no grupo.
Maior credor do Brasil nos
anos 80, o Citibank vive hoje
um dilema no país: crescer ou
perder a escala mínima para
operar no varejo, que fica cada
dia mais competitivo. A exemplo do que aconteceu em 2006
com o BankBoston, que vendeu
suas operações para o Itaú, a
crise pode levar o Citi a deixar o
país, segundo analistas.
"Não acredito que o Citi possa deixar o Brasil. Apesar de
nunca ter feito aquisições, o
Brasil é mais importante no
grupo do que o México, onde
comprou o banco Banamex",
disse Vitoria Saddi, da consultoria americana RGE Monitor.
No Brasil, o banco opera no
azul mesmo com a crise. O Citi
foca o varejo de alta renda. Tem
400 mil clientes, 120 agências e
emprega cerca de 7.000 funcionários no país, que não deverão
escapar dos cortes.
No atacado, o Citibank segue
firme como um dos líderes no
financiamento de empresas e
de comércio exterior. O Citi
coordena a privatização da
Cesp (Companhia Energética
de São Paulo), avaliada em cerca de R$ 5 bilhões.
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