São Paulo, sábado, 16 de janeiro de 1999

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Equipe cogitou nova alta nos juros

da Sucursal de Brasília

A equipe econômica chegou a cogitar um novo choque de juros para tentar cortar as novas turbulências do mercado, mas o presidente Fernando Henrique Cardoso acabou decidindo pela flutuação adotada ontem.
Os riscos do sistema de bandas largas, implantado na terça-feira, já eram conhecidos pelo presidente e pela equipe econômica desde a semana anterior. Por isso, desde o princípio foi traçado um "plano B", para o caso de tudo dar errado.
Se as coisas corressem como o previsto, o país caminharia mais devagar para o regime de flutuação. A equipe econômica planejava fazer mididesvalorizações anuais, como a desta semana, até o câmbio chegar ao equilíbrio.
A forte saída de dólares de anteontem precipitou as coisas. A decisão foi tomada em jantar do qual participaram o ministro da Fazenda, Pedro Malan, o presidente do BC, Francisco Lopes, o secretário de Política Econômica, Amaury Bier, e o diretor de Assuntos Internacionais do BC, Demósthenes Madureira de Pinho Neto.
No jantar, eles chegaram à conclusão de que só havia duas saídas: um novo choque de juros ou deixar o câmbio flutuar. FHC foi consultado pelo telefone e decidiu pela flutuação.
Depois da decisão, Malan telefonou para o economista-chefe do FMI (Fundo Monetário Internacional), Stanley Fisher.
A equipe econômica esperou a abertura do mercado para decidir se a medida seria implantada.
A chefe do Departamento de Operações das Reservas Internacionais do BC, Maria do Socorro Costa de Carvalho, redigiu um comunicado antes da abertura do mercado e o deixou guardado.

Monitoramento
A equipe econômica monitorou o mercado para checar se a cotação do dólar superaria o teto da banda cambial -R$ 1,32. Como a cotação disparou, a equipe decidiu colocar a mudança em prática. FHC foi novamente consultado e o comunicado distribuído.
FHC, que estava em sua fazenda, em Buritis (MG), viajou a Brasília para se reunir com a equipe econômica. No final do dia, após a reunião, Lopes fez um balanço positivo do primeiro dia -comemorando a alta das Bolsas e a recuperação dos títulos da dívida externa.
A assessoria de imprensa do BC divulgou declaração de Lopes segundo a qual todos os bancos honraram os compromissos ontem, o que afastaria riscos relacionados ao sistema financeiro.
O Brasil já sofreu dois choques de juros decorrentes de crises externas. O primeiro foi em outubro de 97, em meio às turbulências na economia asiática. O outro ocorreu em setembro de 98, como resposta à fuga de capitais provocada pela crise russa. (ALEX RIBEIRO)



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