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Equipe cogitou nova alta nos juros
da Sucursal de Brasília
A equipe econômica chegou a
cogitar um novo choque de juros
para tentar cortar as novas turbulências do mercado, mas o presidente Fernando Henrique Cardoso acabou decidindo pela flutuação adotada ontem.
Os riscos do sistema de bandas
largas, implantado na terça-feira,
já eram conhecidos pelo presidente e pela equipe econômica desde a
semana anterior. Por isso, desde o
princípio foi traçado um "plano
B", para o caso de tudo dar errado.
Se as coisas corressem como o
previsto, o país caminharia mais
devagar para o regime de flutuação. A equipe econômica planejava fazer mididesvalorizações
anuais, como a desta semana, até o
câmbio chegar ao equilíbrio.
A forte saída de dólares de anteontem precipitou as coisas. A decisão foi tomada em jantar do qual
participaram o ministro da Fazenda, Pedro Malan, o presidente do
BC, Francisco Lopes, o secretário
de Política Econômica, Amaury
Bier, e o diretor de Assuntos Internacionais do BC, Demósthenes
Madureira de Pinho Neto.
No jantar, eles chegaram à conclusão de que só havia duas saídas:
um novo choque de juros ou deixar o câmbio flutuar. FHC foi consultado pelo telefone e decidiu pela
flutuação.
Depois da decisão, Malan telefonou para o economista-chefe do
FMI (Fundo Monetário Internacional), Stanley Fisher.
A equipe econômica esperou a
abertura do mercado para decidir
se a medida seria implantada.
A chefe do Departamento de
Operações das Reservas Internacionais do BC, Maria do Socorro
Costa de Carvalho, redigiu um comunicado antes da abertura do
mercado e o deixou guardado.
Monitoramento
A equipe econômica monitorou
o mercado para checar se a cotação
do dólar superaria o teto da banda
cambial -R$ 1,32. Como a cotação disparou, a equipe decidiu colocar a mudança em prática. FHC
foi novamente consultado e o comunicado distribuído.
FHC, que estava em sua fazenda,
em Buritis (MG), viajou a Brasília
para se reunir com a equipe econômica. No final do dia, após a reunião, Lopes fez um balanço positivo do primeiro dia -comemorando a alta das Bolsas e a recuperação
dos títulos da dívida externa.
A assessoria de imprensa do BC
divulgou declaração de Lopes segundo a qual todos os bancos honraram os compromissos ontem,
o que afastaria riscos relacionados
ao sistema financeiro.
O Brasil já sofreu dois choques de
juros decorrentes de crises externas. O primeiro foi em outubro de
97, em meio às turbulências na
economia asiática. O outro ocorreu em setembro de 98, como resposta à fuga de capitais provocada
pela crise russa.
(ALEX RIBEIRO)
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