FERNANDO GODINHO
enviado especial ao Rio

TONI SCIARRETTA
da Sucursal do Rio

Sem nenhuma disputa entre investidores, foram leiloadas ontem, na Bolsa do Rio, as licenças que autorizam a criação das "empresas-espelho" da Embratel e da Tele Norte Leste. Cada uma das licenças foi disputada por só um consórcio.
O leilão rendeu para o governo R$ 115 milhões, um valor pouco superior às garantias financeiras exigidas dos que participaram da licitação.
As autorizações foram vendidas com deságio em relação ao preço de referência estabelecido pela Agência Nacional de Telecomunicações, que acabou não funcionando como parâmetro para os investidores.
Adquirida por R$ 55 milhões pelo consórcio Bonari Holding Ltda., a "espelho" da Embratel tinha um preço de referência estipulado em R$ 400 milhões. Ou seja: o deságio foi de 86,25%.
No caso da "espelho" da Tele Norte Leste, o deságio chegou a 90%. Seu preço de referência foi fixado em R$ 600 milhões, e a licença foi vendida para o consórcio Canbrá Telefônica S/A por R$ 60 milhões.
Mesmo com esses valores, a Anatel considerou satisfatório o resultado final do leilão.
"Desde o início, sabíamos que as licenças poderiam ser vendidas por um valor abaixo do preço de referência. O mais importante é que a concorrência no serviço telefônico está sendo estabelecida", afirmou o conselheiro da Anatel Luiz Francisco Perrone.
Os consórcios podem fazer um pagamento inicial de 40% sobre o valor ofertado e quitar o restante em duas parcelas anuais de 30%, com correção pelo IGP-DI.
As "empresas-espelho" estão sendo criadas para concorrer com a Embratel e com as três holdings de telefonia fixa do país (Telesp, Tele Norte Leste e Tele Centro Sul), privatizadas em julho de 98.
O leilão das "espelhos" da Telesp e da Tele Centro Sul está marcado para 11 de março, na Bolsa do Rio.
A Embratel é responsável pelas ligações de longa distância (nacionais e internacionais) no país, e a Tele Norte Leste atua em 16 Estados brasileiros (do Rio de Janeiro ao Amazonas, passando pela região Nordeste).
Os vencedores do leilão de ontem garantiram que as duas "espelhos" estarão funcionando ainda em 1999.
Na sua proposta técnica, o consórcio Bonari assumiu o compromisso de oferecer o serviço de longa distância em 38 cidades brasileiras, o que inclui todas as capitais e o Distrito Federal.
Na proposta do Canbrá, 50% das cidades com mais de 200 mil habitantes na sua área de atuação estarão atendidas até o final deste ano, o que também inclui as capitais.
Os preços praticados pelas "espelhos" não serão controlados pela Anatel, diferentemente das tarifas praticadas pelas holdings. A agência crê que os preços não ficarão acima das atuais tarifas, o que poderia inviabilizar as "espelhos".



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