São Paulo, sábado, 16 de fevereiro de 2002

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LUÍS NASSIF

O grande lance do Mercosul

A crise da Argentina, principalmente após a queda de Domingo Cavallo, abriu uma possibilidade extraordinária de ampliação do Mercosul. Nos próximos meses haverá vários lances em andamento. Seu sucesso significará a consolidação definitiva da região, a saída da Argentina da crise e a reafirmação do Brasil como a grande âncora política do bloco, em nível internacional. O fracasso significará a dolarização e a ampliação da influência direta norte-americana no continente.
No momento estão em andamento quatro iniciativas de consolidação dessas relações, segundo o ministro do Desenvolvimento, Sergio Amaral.
A primeira é a reconstituição do CCR (Convênio de Crédito Recíproco, a caixa de compensação que permitia aos BCs acertar as contas do comércio exterior entre seus respectivos países). Era uma maneira de minimizar os riscos soberanos dos exportadores -ou seja, o exportador deixar de receber de um importador por falta de divisas. Nos anos 90, à medida que o mercado financeiro se ampliou e as linhas de financiamento tornaram-se abundantes, houve uma desativação desse mecanismo e uma resistência maior dos BCs a correr riscos cambiais. Com o tempo, estabeleceram-se limites de garantia para US$ 100 mil e 360 dias de prazo.
Agora, com a crise Argentina, já estão adiantadas as conversas entre ambos os países para restabelecer o mecanismo. Mesmo assim, ainda não está definido quem banca o risco, se o Tesouro ou se os exportadores, já que a posição do BC é não assumi-lo -nem é essa sua função. Do lado argentino, o interesse é maior, já que seus exportadores estão com problemas de crédito.
O segundo passo é a redução das restrições comerciais para aumentar o volume do comércio. Justificava-se no período de desequilíbrio cambial; agora, não mais. Ambos os países aceitaram discutir as restrições existentes e se comprometer a reduzi-las.
O terceiro passo -mais relevante- é o início da tentativa de integração da cadeia produtiva do Mercosul. Daqui a dez dias uma missão empresarial brasileira irá para Buenos Aires a fim de discutir o tema. A idéia é criar fóruns de competitividade (iguais aos existentes aqui), mas envolvendo empresários dos dois países. O que, somado à integração da infra-estrutura (há grupos de trabalho do Ministério do Planejamento trabalhando nisso), criará as bases para a verdadeira integração continental.
O quarto passo, decorrente do anterior, será a prospecção conjunta de mercados internacionais. Uma representação empresarial argentina estará na comitiva brasileira que Amaral levará à China proximamente.

União Européia
Os grandes aliados brasileiros para derrubar a política protecionista no âmbito da União Européia são o Reino Unido e a Alemanha.

Internet: www.dinheirovivo.com.br

E-mail - lnassif@uol.com.br



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