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LUÍS NASSIF
O grande lance
do Mercosul
A crise da Argentina, principalmente após a queda
de Domingo Cavallo, abriu uma
possibilidade extraordinária de
ampliação do Mercosul. Nos
próximos meses haverá vários
lances em andamento. Seu sucesso significará a consolidação
definitiva da região, a saída da
Argentina da crise e a reafirmação do Brasil como a grande âncora política do bloco, em nível
internacional. O fracasso significará a dolarização e a ampliação da influência direta norte-americana no continente.
No momento estão em andamento quatro iniciativas de
consolidação dessas relações, segundo o ministro do Desenvolvimento, Sergio Amaral.
A primeira é a reconstituição
do CCR (Convênio de Crédito
Recíproco, a caixa de compensação que permitia aos BCs
acertar as contas do comércio
exterior entre seus respectivos
países). Era uma maneira de
minimizar os riscos soberanos
dos exportadores -ou seja, o
exportador deixar de receber de
um importador por falta de divisas. Nos anos 90, à medida que
o mercado financeiro se ampliou e as linhas de financiamento tornaram-se abundantes, houve uma desativação desse mecanismo e uma resistência
maior dos BCs a correr riscos
cambiais. Com o tempo, estabeleceram-se limites de garantia
para US$ 100 mil e 360 dias de
prazo.
Agora, com a crise Argentina,
já estão adiantadas as conversas entre ambos os países para
restabelecer o mecanismo. Mesmo assim, ainda não está definido quem banca o risco, se o
Tesouro ou se os exportadores,
já que a posição do BC é não assumi-lo -nem é essa sua função. Do lado argentino, o interesse é maior, já que seus exportadores estão com problemas de
crédito.
O segundo passo é a redução
das restrições comerciais para
aumentar o volume do comércio. Justificava-se no período de
desequilíbrio cambial; agora,
não mais. Ambos os países aceitaram discutir as restrições existentes e se comprometer a reduzi-las.
O terceiro passo -mais relevante- é o início da tentativa
de integração da cadeia produtiva do Mercosul. Daqui a dez
dias uma missão empresarial
brasileira irá para Buenos Aires
a fim de discutir o tema. A idéia
é criar fóruns de competitividade (iguais aos existentes aqui),
mas envolvendo empresários
dos dois países. O que, somado à
integração da infra-estrutura
(há grupos de trabalho do Ministério do Planejamento trabalhando nisso), criará as bases
para a verdadeira integração
continental.
O quarto passo, decorrente do
anterior, será a prospecção conjunta de mercados internacionais. Uma representação empresarial argentina estará na
comitiva brasileira que Amaral
levará à China proximamente.
União Européia
Os grandes aliados brasileiros
para derrubar a política protecionista no âmbito da União
Européia são o Reino Unido e a
Alemanha.
Internet: www.dinheirovivo.com.br
E-mail - lnassif@uol.com.br
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