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COMBUSTÍVEIS
Estatal chegou a anunciar reajuste de 2,2% nas refinarias
FHC desautoriza Petrobras
e veta aumento de gasolina
HUMBERTO MEDINA
WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso desautorizou ontem
à noite o aumento do preço da gasolina anunciado pela Petrobras.
O reajuste de preços nas refinarias
entraria em vigor no domingo.
Um mês e meio depois de ter
baixado o preço da gasolina em
25% nas refinarias, a Petrobras
havia anunciado na tarde de ontem seu primeiro aumento após a
abertura do mercado, em 1º de janeiro: o produto seria reajustado
em 2,2%, em média.
O porta-voz do Planalto, Alexandre Parola, disse que a decisão
sobre o aumento não havia tramitado pela presidência da Petrobras nem pela ANP (Agência Nacional do Petróleo) nem pelo Ministério de Minas e Energia e por
isso não era do conhecimento do
presidente. Segundo Parola, tratava-se de uma decisão de "uma
instância técnica".
A Folha apurou, no entanto,
que o aumento era de conhecimento do ministro José Jorge
(Minas e Energia). O ministro havia negociado com a Petrobras e
já teria barrado um pedido de reajuste maior, feito pela estatal.
O reajuste de 2,2% anunciado
ontem seria fruto da negociação
prévia entre Petrobras e Ministério de Minas e Energia. Ontem,
José Jorge não estava em Brasília.
A assessoria de imprensa do ministério informou que ele fez uma
viagem pessoal. A Folha apurou
que ministro viajou para a Disney
(Estados Unidos) com o neto e
volta ao Brasil amanhã.
Aumento maior
Segundo dados da área técnica
do Ministério de Minas e Energia,
o custo do combustível chegou a
variar 9,45%. Ainda de acordo
com o ministério, o reajuste da
Petrobras se justifica por causa da
variação do preço do petróleo no
mercado internacional e da taxa
de câmbio.
Entre os dias 25 de novembro e
24 de dezembro do ano passado, o
barril de petróleo ficou com preço
médio de US$ 18,55 e o dólar ficou
cotado, em média, a R$ 2,40. Entre os dias 25 de janeiro deste ano
e 14 de fevereiro, a cotação média
do barril de petróleo teria subido
para US$ 20,10 e o dólar para R$
2,43. O aumento de 9,45% refletiria a variação do preço do barril
de petróleo no mercado internacional e a variação da cotação do
dólar no país.
Modelo
No ano passado, o governo determinou reajustes de preço dos
combustíveis a cada três meses
com base em uma fórmula que levava em conta o preço do petróleo
no mercado internacional, um valor de referência no mercado interno e a cotação do dólar.
Este ano, com a liberação de importação de derivados de petróleo, o preço deveria ser livre, de
acordo com o modelo que o governo previa. Dessa forma, a Petrobras deveria poder reajustar livremente, a qualquer momento, o
preço da gasolina, de acordo com
as variações do preço do barril de
petróleo e da taxa de câmbio.
Se a decisão da Petrobras de reajustar o preço da gasolina na refinaria fosse mantida, haveria aumento aproximado de 1,8% para
os consumidores. A meta de redução de 20% no preço da gasolina não poderia ser cumprida.
Segundo a área técnica do Ministério de Minas e Energia, a redução máxima que se conseguiria
seria de 17%. Mesmo antes do aumento a redução de 20% não havia sido atingida na maior parte
do país.
A redução média estava em
17%, embora em algumas cidades
a redução tivesse sido até maior:
em Belém (PA) houve queda de
26% do preço na bomba e em Teresina (PI), de 22,5%.
Ainda de acordo com o ministério, a redução de 20% não era o
objetivo do governo. O objetivo
seria impedir que distribuidores e
revendedores de combustíveis
aumentassem suas margens de
lucro com a redução de 25% no
preço cobrado pela gasolina pela
Petrobras em janeiro.
Reação
Antes do veto de FHC, o presidente do Sincopetro, José Alberto
Paiva Gouveia, havia dito esperar
que "desta vez a imprensa e o governo não voltem a acusar de vilões os revendedores de combustíveis".
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