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MERCADO FINANCEIRO
Maioria dos analistas prevê manutenção da Selic neste mês, mas há apostas até em alta da taxa
Inflação mais baixa não deve mudar juro
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
As apostas sobre o resultado da
reunião do Copom (Comitê de
Política Monetária) que começa
amanhã vão de manutenção à elevação de até meio ponto percentual dos juros básicos. Mas a grande maioria de economistas de
bancos e corretoras afirma que os
dados sobre a inflação ainda são
insuficientes para que o Copom
reduza a taxa Selic.
Embora economistas do setor
financeiro já tivessem essa expectativa de manutenção dos juros
em 16,5% desde a última reunião,
em janeiro, os indicadores de inflação divulgados recentemente
tornaram ainda mais difícil a decisão que o Copom tem de tomar
na quarta-feira.
Na ata da última reunião, o Banco Central assustou o mercado ao
demonstrar forte preocupação
com a inflação. As parciais do IPC
(Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe e do IGP-M (Índice
Geral de Preços de Mercado),
além do IPCA (Índice de Preços
ao Consumidor Amplo), vieram,
porém, abaixo das expectativas.
"Inflação melhor não quer dizer
que esteja bom", afirma Carlos
Kawall, economista-chefe do Citibank.
Para ele, a inflação veio abaixo
das expectativas porque desde o
final de janeiro predominaram
projeções mais pessimistas para o
IPCA. "No início de janeiro, a expectativa era de 0,5%. Depois foi
evoluindo para 0,60%, 0,65%, até
chegar a 0,75%."
O núcleo por exclusão (exclui
alimentação, preços monitorados
e administrados) veio de 0,64%,
melhor que o esperado, 0,7%. Repetiu o resultado de dezembro
passado.
Sem incoerência
Economistas afirmam que, se o
Banco Central agiu com cautela
em janeiro, não tem motivos para
mudar já. Seria necessário o
acompanhamento das próximas
prévias de indicadores, até porque o aumento da Cofins (Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social) ainda não entrou em todos os índices.
"Ainda não está claro o patamar
da inflação para 2004, se é permanente ou temporário", diz Thomas Malaga, economista-chefe do
Banco Itaú. "A inflação melhorou
em São Paulo, mas veio mais alta
em outras capitais."
Para Malaga, a melhora do núcleo por expurgo é "alentadora,
mas é preciso que a inflação cheia
fique baixa".
Ainda que o Banco Central tivesse reduzido a taxa básica de juros em janeiro, o recomendável
para a próxima reunião seria a
manutenção da taxa básica de juros, a Selic, segundo Kawall, do
Citibank.
Para muitos analistas do mercado, um mês é insuficiente para
concluir que já é baixo o risco de a
inflação se afastar da meta e cortar
juros agora soaria incoerente.
Além disso, o cenário já não é
mais tão otimista.
"O risco-país subiu, houve mudança de perspectiva em relação
aos juros do Fed [Federal Reserve,
o banco central dos Estados Unidos], o que gera incerteza quanto
à redução da liquidez mundial",
afirma Kawall.
Por outro lado, a produção industrial, que decepcionou em dezembro pela terceira vez consecutiva, mostra-se acomodada em níveis bem baixos.
"Ninguém vai deixar de investir
porque os juros estão meio ponto
percentual mais altos ou mais baixos. Mas, por falta de regras claras
em modelos regulatórios, sim",
diz Malaga.
Março
Se os próximos índices de inflação apresentarem queda, analistas afirmam que a redução de juros interrompida em janeiro pode
vir a ser retomada em março.
O mercado de juros futuros
aposta que há 30% de chance de
uma queda de 0,25 ponto percentual na Selic na próxima reunião e
que no mês que vem o Copom opte por corte de meio ponto, segundo analistas.
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